Sul-africano, que deu morfina à mãe, foi indiciado após narrar sofrimento dela em livro.
O médico
sul-africano Sean Davison (Foto: BBC)
Um
cientista que ajudou sua mãe a morrer foi condenado a cinco meses de prisão por
um tribunal da Nova Zelândia.
Sean
Davison, microbiólogo e perito em medicina forense admitiu ter dado à sua mãe
de 85 anos, Patricia Davidson, um copo de água contendo morfina.
O
caso teve destaque na mídia internacional e reacendeu debates sobre eutanásia e
morte assistida, em particular na Nova Zelândia.
Davison,
de 50 anos, é um médico legista radicado na África do Sul - onde era conhecido pelo seu papel na
identificação de restos mortais de ativistas assassinados e jogados em valas
comuns por autoridades durante o período da política de apartheid na África do
Sul.
Ele
se mudou temporariamente para a Nova Zelândia para ficar com a mãe,
diagnosticada com vários canceres. Ela morreu em outubro de 2006.
Em
um livro publicado na Nova Zelândia em 2009, chamado 'Before We Say Goodbye'
(Antes de Dizermos Adeus), Davison relata os cuidados que dedicou à sua mãe em
seus últimos meses de vida.
Reprodução da
capa do livro
'Before We Say Goodbye' (Foto: BBC)
'Before We Say Goodbye' (Foto: BBC)
Em
2010, ele foi indiciado por tentativa de assassinato. Mais tarde, a acusação
foi reduzida para ''aconselhamento e auxílio em um suicídio''.
Davison
se declarou culpado durante o julgamento, que começou em outubro passado.
Apesar
da condenação, os juízes da cidade neo-zelandesa de Dunedin disseram que ele
agiu por ''compaixão e amor'' e não visando ganhos pessoais.
Davison
disse a repórteres acreditar que não deveria ter sido condenado.
O
cientista disse à imprensa australiana que sua mãe vinha sofrendo muito e já
havia tentado se matar ao recusar comida.
De
acordo com o microbiologista, ela havia pedido a ele e a outras pessoas em
varias ocasiões que a ajudassem a morrer.
'Condenação a qualquer preço'
''O tribunal não tratou de justiça, mas sim de obter uma condenação a qualquer preço. Creio que a lei precisa ser humana'', afirmou.
''O tribunal não tratou de justiça, mas sim de obter uma condenação a qualquer preço. Creio que a lei precisa ser humana'', afirmou.
Ele
havia sido condenado inicialmente por tentativa de assassinato, mas a acusação
depois foi reduzida para ''aconselhamento e auxílio em um suicídio''.
A
juíza do caso, Christine French, descreveu o réu como sendo ''um filho
excepcionalmente dedicado e amoroso''.
Ela
disse que o réu estava ciente de que estava cometendo um crime, mas que o
delito foi de uma natureza menos grave se comparado com outros.
''Ainda
que, na minha opinião, tenha havido um elevado grau de premeditação, você agiu
por compaixão e por amor e não por quaisquer ganhos pessoais'', afirmou.
Súplica
No livro, Davison conta que Patricia Davidson havia suplicado para que ele a ajudasse em suas tentativas de se matar.
No livro, Davison conta que Patricia Davidson havia suplicado para que ele a ajudasse em suas tentativas de se matar.
O
neo-zelandês chegou até a receber uma carta atestando sua integridade de
caráter assinada pelo arcebispo sul-africano Desmond Tutu. Em seu texto, Tutu o
descreveu como sendo ''um cidadão correto que fez uma contribuição à sociedade
e que tem muito a oferecer''.
Ele
regressou à Nova Zelândia - vindo da África do Sul - voluntariamente para
participar do seu julgamento e cumprirá a sua pena de prisão domiciliar na Nova
Zelândia.
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