Mãe de adolescente de 16 anos acredita na inocência do filho.
Delegado diz que menores de 15 e 16 anos participaram da execução.
Mesmo confiante na inocência do filho, a mãe de um dos menores acusados
de participar da chacina de seis jovens na Baixada Fluminense resolveu entregar
o filho à polícia nesta quinta-feira (13).
“Entreguei o meu filho para que ele pudesse se
defender. Ele não quer ser acusado por esse crime”, contou a mãe, que se
identificou apenas como Luciene.
Ela conta que o filho não a procurava há cerca de
quatro meses, mas que na quarta-feira (12), ele ligou pedindo ajuda ao tomar
conhecimento que a polícia o apontara como um dos envolvidos na morte dos
rapazes.
Luciene disse que o filho de 16 anos estava
foragido desde maio de um Centro de Recurso Integrado de Atendimento ao Menor
(Criam). O adolescente cumpria medida socioeducativa, após ser apreendido pela
polícia dirigindo um carro que transportava drogas.
Segundo a mãe, o menino ficou no Criam de janeiro a
maio deste ano. Desde a fuga do Criam, ele não a procurou.
“Ele me ligou ontem à noite e me falou: ‘mãe estão
me acusando e não fui eu que fiz nada disso’”, falou a mãe, moradora da
localidade de Jacutinga, na Baixada Fluminense.
Executores do
crime
Para o delegado Júlio da Silva Filho, da 53ª DP (Mesquita), os dois menores presos, nesta quinta-feira (13), na operação na policial na Chatuba tiveram participação ativa nas mortes dos seis jovens e de outras três pessoas no último fim de semana. “Eles constam como executores dos crimes”, afirmou o delegado.
Segundo a polícia, um adolescente de 15 anos foi
preso por policiais da 53ª DP na casa da tia e não ofereceu resistência à
prisão. Já o outro, de 16 anos, foi preso por policiais do 20º BPM, e ofereceu
resistência. Os jovens, segundo o delegado, são gerentes do tráfico na
localidade conhecida como Bicão. O delegado explicou ainda que os dois chegaram
a ser indiciados pelos crimes antes de a polícia constatar que são menores de
18 anos. Mas, como são adolescentes, não podem ser indiciados pela
polícia.
Os adolescentes, no entanto, não admitem
participação em nenhuma das nove mortes. “Eles admitem que são da comunidade,
que viram os garotos na ocasião dos fatos, que conhecem alguns dos nomes que
estamos procurando, mas negam participação no crime”, afirmou o delegado,
destacando que eles foram reconhecidos e que a polícia já tinha depoimentos de
testemunhas sobre a participação deles nos crimes.
Ainda há mandado de prisão contra cinco suspeitos de envolvimento nas mortes, mas que ainda estão foragidos.
Os menores também teriam participado ativamente das mortes do cadete da PM, do pastor e do jovem José Aldeci Jr, que está desaparecido.
Ainda há mandado de prisão contra cinco suspeitos de envolvimento nas mortes, mas que ainda estão foragidos.
Os menores também teriam participado ativamente das mortes do cadete da PM, do pastor e do jovem José Aldeci Jr, que está desaparecido.
O adolescente de 16 anos, que já tem passagem pela
polícia, nega as acusações de envolvimento na chacina, mas confirma que é gerente
do tráfico na Chatuba, conforme mostrou o RJTV. Ele seria o terceiro na
hierarquia do tráfico do local, segundo a polícia.
O secretário de Segurança Pública, José Mariano
Beltrame, solicitou à Corregedoria a apuração das denúncias dos moradores de que
policiais militares estariam comentendo abusos na abordagem aos moradores. Até
o fim da manhã desta quinta-feira, o Disque Denúncia recebeu 301 ligações com
informações sobre criminosos, armas e drogas.
Policiais acham
roupas na cachoeira
Agentes das polícias Militar e Civil realizaram na manhã desta quinta uma perícia na cachoeira onde os seis jovens podem ter sido mortos no Parque de Gericinó, próximo à favela da Chatuba. No local, eles encontraram roupas, panelas, garfos, facas, um tipo óleo que serve para lubrificar armas, lixa, fita adesiva, escova e pincel.
Agentes das polícias Militar e Civil realizaram na manhã desta quinta uma perícia na cachoeira onde os seis jovens podem ter sido mortos no Parque de Gericinó, próximo à favela da Chatuba. No local, eles encontraram roupas, panelas, garfos, facas, um tipo óleo que serve para lubrificar armas, lixa, fita adesiva, escova e pincel.
A polícia também apreendeu em um dos acessos à
cachoeira uma gaiola que pode ser do rapaz desaparecido. O material arrecadado
está sendo analisado e será encaminhado para exame.
Os corpos das vítimas foram encontrados na segunda-feira (10), em uma área perto da Via Dutra, em Jacutinga. Os amigos estavam lado a lado, enrolados em lençóis, nus, amordaçados e com sinais de facadas e marcas de tiro.
Os corpos das vítimas foram encontrados na segunda-feira (10), em uma área perto da Via Dutra, em Jacutinga. Os amigos estavam lado a lado, enrolados em lençóis, nus, amordaçados e com sinais de facadas e marcas de tiro.
Policiais encontraram roupas
próximo a cachoeira, nesta quinta-feira (13) (Foto: Janaína Carvalho/G1)
Na quarta-feira (12), a polícia encontrou duas
facas em uma gruta, que fica perto da cachoeira. Já nesta quinta-feira, a área
onde fica localizada a gruta estava remexida. Segundo os policiais, tudo indica
que os criminosos foram ao lugar durante a madrugada para tentar apagar pistas
do crime.
Lâmina encontrada no acampamento,
que a polícia acredita ser de traficantes (Foto: Janaína Carvalho/G1)
De acordo com o perito criminal Ângelo Silvares, a
mata onde foi encontrada alguns pertences das vítimas, não seria o local onde
os jovens foram mortos, porque não havia muito sangue.
Matagal onde foram encontrados
roupas e
pertences dos seis jovens mortos na chacina
(Foto: Janaína Carvalho/G1)
pertences dos seis jovens mortos na chacina
(Foto: Janaína Carvalho/G1)
Bope ocupa
favela
Policiais Militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ocupam a favela desde segunda-feira (10), após a morte dos seis adolescentes. No mesmo fim de semana, outras duas pessoas foram mortas no local - um cadete da PM e um pastor - e ainda há um homem desparecido.
Policiais Militares do Batalhão de Operações Especiais (Bope) ocupam a favela desde segunda-feira (10), após a morte dos seis adolescentes. No mesmo fim de semana, outras duas pessoas foram mortas no local - um cadete da PM e um pastor - e ainda há um homem desparecido.
Em três dias de operação, a polícia já prendeu 19
pessoas e apreendeu dois menores. A polícia ainda procura pelo chefe do tráfico
da Chatuba, conhecido como Juninho, e por outros homens que ordenaram e
participaram da execução dos jovens.
De acordo com o Comando Militar do Leste, pessoas
não envolvidas diretamente com as investigações afirmaram que a morte dos
jovens ocorreu em área de responsabilidade do Exército, mas que não há
evidências oficiais e não foram pedidas informações pelo Ministério Público
Militar (MPM) a esse respeito.
Ainda segundo o comando, a região patrulhada por
eles tem 53 km², sendo 48 km² em área plana e 5 km² de plano inclinado, e é
monitorada por uma guarda fixa de 35 homens.
Nenhum comentário:
Postar um comentário