Matriarca Veloso comemorou com família, amigos, missa, bolo e almoço.
"O coração aqui é de velha e coração de velha aguenta é tudo",
brincou.
Dona Canô, com trancinha,
comemora 105 anos neste domingo (16). (Foto: Egi Santana/G1)
"Você tem boniteza; e a natureza foi que agiu
com esses óio de índia [...] Você é toda Bahia, é a flor do mocambo, da gente
de cor. Faz do amor confusao, numa misturação bem brejeira, izoneira, que tem
raça e tradição". Foi com a música Curare, de autoria própria, que Maria
Bethânia deu início às homenagens aos 105 anos de sua mãe, a popular dona Canô,
comemorados neste domingo (16) numa missa em Santo Amaro da Purificação, cidade
situada no recôncavo baiano.
Antes da celebração religiosa, ainda em casa, a
matriarca dos Veloso já perguntava: “cadê a missa? Não vamos logo para a
missa, não?”, enquanto amigos, vizinhos e familiares chegavam para desejar os
bons votos.
Por volta das 10h30, ela chegou na Igreja da
Purificação de vestido novo, branco, com detalhes de renda, e trancinha no
cabelo. Entre abraços e aplausos, agradecia a todos pela presença, por fazer
parte de seu dia. “Eu só tenho que agradecer a Deus por ainda estar aqui. Sinto
por Deus ter precisado de Nicinha [filha mais velha, que morreu em 2011] e a
ter levado, mas só tenho de agradecer por estar com a minha família reunida,
todos os meus filhos aqui”, disse.
E foi emocionado que o padre Reginaldo Manzotti
começou a celebração, também em tom de agradecimento. “Quero agradecer por ter
sido convidado para fazer parte desse momento tão família”. Em seu sermão, o
padre falou de perseverança e da quantidade de experiência de vida que uma
senhora de 105 anos pode passar.
Na plateia, todos os seis filhos vivos, netos,
bisnetos e amigos, como a apresentadora Regina Casé, que ajudava dona Canô
naquilo que ela não ouvia, por conta da audição já estar debilitada pela idade.
A festa também foi muito requisitada pela imprensa, como todos os anos.
Os filhos famosos, Caetano Veloso e Maria Bethânia,
evitaram dar muitas declarações, concentrando-se na atenção à mãe, mas Bethânia
foi sucinta ao dizer que “nem de joelhos daria para agradecer a mãe que eu
tenho”. Caetano, acompanhado dos filhos Zeca e Tom, resumiu em "ela é tudo
para mim" as palavras para definir dona Canô em sua vida.
Além dos amigos e familiares, na missa estavam
admiradores da “menina” Canô, como é chamada pelos filhos. A professora
Marinalva Nunes, 60, explicou o que para ela é a “fórmula de longevidade” da
matriarca. “Eu acho que a capacidade dela de ter criado uma família tão bonita,
esse jeito dela espirituoso, sempre com uma resposta rápida e bem humorada para
a vida, é o grande exemplo a ser seguido. Essa, pra mim, é a fórmula que ela
carrega”, conta. Marinalva é natural de Maragojipe, mas mora em Salvador, de onde
sai há mais de cinco anos para acompanhar as comemorações da matriarca.
As opiniões são compartilhadas por Amannda Santos,
24, admiradora que todo ano vai à festa. Para ela, a aniversariante é um
“exemplo de mulher, uma grande sábia". A assistente social Rose Lima, 45,
salienta o "exemplo de amor ao próximo que ela sempre teve".
A missa, que terminou por volta das 12h, foi o
começo das comemorações do aniversário de dona Canô. Da igreja, amigos e
familiares seguiram com a matriarca para casa, onde almoçam e dão continuidade
aos festejos da jovem senhora de 105 anos. A pedido da família, este ano as comemorações
dentro da casa são apenas para familiaraes. "É para permitir
que ela circule melhor pela casa e para tomarmos conta da saúde dela", diz
o filho Rodrigo. Na despedida, perguntada se iria aguentar a todo o dia de
festas, dona Canô não deixou de lado seu bom humor: "o coração aqui é de
velha, meus filhos. E coração de velha aguenta é tudo", brincou.
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