Na última sexta-feira (23), o trabalhador rural sem
terra Antônio Tiningo foi assassinado em uma emboscada quando se dirigia para o
acampamento da fazenda Açucena, no município de Jataúba, agreste de
Pernambuco.
Tiningo era um dos coordenadores do acampamento da
fazenda Ramada, ocupada há mais de três anos. No final de 2011, mesmo ocupada
pelos sem terra, a fazenda foi comprada por um empresário do ramo de confecção
e especulação imobiliária, conhecido por Brecha Maia. Segundo informações
do MST, logo que comprou a área, o fazendeiro - que, de acordo com o Movimento
dos Sem Terra, possui outras fazendas na região - expulsou ilegalmente as
famílias, aparentemente sem nenhuma ordem judicial ou presença policial.
As famílias reocuparam a área em fevereiro desse
ano e, desde então, integrantes do MST elatam que o proprietário tem ameaçado
retirar as famílias à força, intimidando pessoalmente algumas lideranças da
região, dentre elas, Antonio Tiningo.
Na semana passada, os sem terra disseram que Brecha
Maia havia declarado que faria o despejo das famílias por bem ou por mal, e que
não passaria de sexta-feira, dia em que Tinigo foi assassinado.
O assassinato de Antonio Tiningo, segundo nota
publicada no site do MST, "é mais uma consequência da omissão do Estado em
relação à violência e impunidade do latifúndio na região do agreste de
Pernambuco".
Por ser uma região em que "os poderes públicos
locais possuem uma relação estreita com os proprietários de terra", o MST
exige que seja indicado um delegado especial para apurar o caso. A direção
do MST também solicita a presença do ouvidor agrário nacional, Gercino Filho,
para que visite a região no sentido de debater e encontrar soluções para os
frequentes conflitos agrários nessa área.
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