quarta-feira, 21 de março de 2012

Doença celíaca mata mais de 42 mil crianças por ano


A doença celíaca faz parte da categoria de patologias autoimunes, em que os anticorpos atacam o organismo em vez de defendê-lo. Indivíduos com a enfermidade não toleram a ingestão de glúten - proteína encontrada no trigo, aveia, cevada, e centeio.
Levantamento feito por pesquisadores Universidade de Witwatersrand, na África do Sul, e da Universidade de Umea, na Suécia, indica que 42 mil crianças morram todos os anos por causa da doença. É responsável ainda por 4% de toda a mortalidade infantil por diarreia. No Brasil, o percentual é menor.
O consumo de alimentos que contenham glúten desencadeia um processo inflamatório no intestino delgado dos celíacos e, consequentemente, prejudica a absorção dos nutrientes, vitaminas e sais minerais.
“Os sintomas básicos da doença francamente instalada são diarréia, dores abdominais, flatulência, emagrecimento e anemia provocados pela dificuldade de absorção de nutrientes, explica o coordenador de pesquisa do Serviço de Gastroenterologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Heitor Souza.
Estima-se em 892 mil o número de brasileiros com a doença. O diagnóstico é feito através de um exame de sangue ou de uma endoscopia digestiva seguida de biópsia. Geralmente se manifesta na infância, mas, em determinados casos, aparece somente na idade adulta. 
“A avaliação sorológica do sangue é bastante eficaz, a sensibilidade e a especificidade são superiores a 95%. Se o resultado for positivo é possível afirmar, sem sombra de dúvidas, que o indivíduo é celíaco. E vice-versa. Mas este não é um teste barato, está disponível há cerca de 15 anos e nem sempre dá para fazer na rede pública”, diz o especialista.
Não há cura definitiva. A terapia consiste na eliminação total do glúten da dieta e deve ser seguido rigorosamente para evitar o retorno dos sintomas e permitir a regeneração da área afetada. "“Medicações para minimizar os sintomas podem até ser usadas, mas não resolvem o problema”, avalia Heitor, que não indica o uso de imunossupressores. “É uma possibilidade para casos raríssimos e muito graves. Mas os riscos inerentes a este tipo de tratamento são maiores do que os da própria doença”, conclui.
A dificuldade para comer fora de casa e o preço elevado dos alimentos sem a substância são as maiores dificuldades do tratamento. É o que relata a estudante Luisa Fernandes, 23, que recentemente descobriu a doença e ainda se adapta às novas necessidades.
“No início é mesmo complicado, porque as opções ficam muito reduzidas. No meu caso, por exemplo, cortar o pão da minha alimentação foi a parte mais complicada. Costumo tomar café da manhã e comer o lanche da tarde fora de casa, e são poucos os lugares em que você pode comprar uma salada de frutas, por exemplo. Além disso, as comidas sem glúten são muito mais caras. Agora gasto cerca de R$ 10 com um pacote de pão adequado para a minha dieta. O jeito é andar sempre com comida na bolsa, especialmente frutas”, conta Luisa.
 “A melhor forma é encarar a dieta como uma oportunidade de fazer uma reeducação alimentar, já que, na prática, você vai gastar muito mais tempo para comer, seja lendo rótulos atrás de rótulos nos mercados ou preparando lanches para levar consigo para onde for”, conclui.



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