sábado, 14 de setembro de 2013

Ex-detento comanda presídio na PB e unidade se torna modelo no estado

Sertanejo da cidade de Patos, a 300 km de João Pessoa, Silva Neto, teve a vida marcada por uma tragédia.
Ex-presidiário, estudante de direito e diretor de uma cadeia pública na Paraíba. Essa é apenas parte do currículo de Antônio Silva Neto, de 46 anos, que vem revolucionando o sistema prisional paraibano ao implantar um modelo de qualificação para os apenados e se tornando referência internacionalmente. O diretor está percorrendo cidades brasileiras e a Bolívia, na América do Sul, dando palestras sobre administração prisional.
Foto: Material produzido na cadeia

Sertanejo da cidade de Patos, a 300 km de João Pessoa, Silva Neto, teve a vida marcada por uma tragédia. Em 1991, um tiro acidental disparado por ele vitimou a esposa. Na época, trabalhava como policial militar e foi condenado a 15 anos e 8 meses de prisão, por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar.

Foto: Hortaliças cultivadas na ressocialização
“Quando fui policial militar era muito violento. Meu objetivo era matar e tirar os criminosos de circulação. Quando cheguei à cadeia, conheci o inferno. Os presos batiam na grade e ficavam agitados com a minha presença”, relembrou Silva Neto. Por ter um bom comportamento, o diretor ganhou o benefício do regime semiaberto e cumpriu apenas 5 anos dos 17 de condenação impostos pela Justiça paraibana.

Neto já trabalhou como vigilante da Assembleia Legislativa da Paraíba (ALPB) por 16 anos e em 2011 foi nomeado como diretor da cadeia pública, agora presídio de Sapé, a 55 km de João Pessoa, sob críticas de setores da segurança pública. “Fui muito criticado por colegas que integram a segurança, mas, graças a Deus, venho desempenhado meu trabalho com sucesso e isso me fez ser convidado para participar de seminários e palestras no país e até mesmo na Bolívia, abordando o modelo de administração prisional”, comemora Silva Neto.

Dados da Secretaria de Administração Penitenciária (Seap) confirmam que o presídio de Sapé, é uma referência no quesito ressocialização. Estão reclusos 168 apenados, porém, a capacidade da unidade é de 70. Apesar da super lotação, não há registro de rebeliões ou tumultos. Todos frequentam a escola e cursos de qualificação profissional.

“Há 100% de frequência. Eles estão nos ensinos fundamental e médio e realizam cursos de culinária, pintura, artesanato, horta e confecção de produtos de limpeza. Outro dado importante é que temos o melhor índice de reincidência. De 100 presos liberados, apenas 2 retornam”, enfatiza Silva Neto.


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