Laura já fez mais de 30
consultas médicas com diagnósticos imprecisos.
Especialista de Bauru, SP, diz que nunca viu um caso semelhante.
Uma professora de Lins (SP) sofre com uma
doença misteriosa que deixa o olho inchado e muito vermelho. Há 19 anos, uma
membrana branca sai do olho direito de Laura Ponci e, momentaneamente, o
incômodo e a vermelhidão vão embora. Segundo a mulher, até dormindo a membrana
“pula” do olho e desde a primeira vez que aconteceu o caso, já foram mais de 30
médicos consultados e somente diagnósticos desencontrados.
“Já passei por todos os
especialistas possíveis. Até médicos de ouvido e garganta já consultei e eles
falam que a doença é uma conjuntivite lenhosa, que é a falta de uma enzima
chamada plasminogênio. No entanto, já fiz diversos exames que eles solicitaram
e todos deram resultados normais”, conta a professora.
O plasminogênio é uma
enzima fabricada pelo organismo. Portadores da conjuntivite lenhosa têm baixa
fabricação dessa enzima e por isso ocorre a produção da membrana. A diferença
para o caso de Laura é que na conjuntivite lenhosa, conhecida pelos médicos, a
membrana só sai com intervenção cirúrgica e não espontaneamente como a da
professora de Lins.
Professora conta que já
passou por mais de 30
médicos (Foto: Reprodução/TV Tem)
médicos (Foto: Reprodução/TV Tem)
Desde os 15 anos, Laura
sofre com o problema, o preconceito e a falta de informação. Ela diz que, na
rua, as pessoas se afastam com medo de ser uma doença contagiosa e não consegue trabalhar porque não existe uma rotina, já que a membrana
pode sair do olho a qualquer momento. “Sou professora e trabalho com crianças,
mas não dá para exercer minha profissão porque o olho fica inchado e quando me
agacho, a membrana começa a sair. Tenho vergonha de sair de casa porque a
membrana não tem hora para sair e nem para terminar”, alega Laura.
Segundo Laura, nesses
19 anos atrás de um tratamento, a visão do olho direito nunca foi afetada. A
professora conta ainda que alguns médicos cogitaram a hipótese dela mesma
colocar a membrana no olho. Outros, mesmo sem saber do que se trata, disseram
que ela terá que conviver com isso pelo resto da vida.
“O último médico que eu
fui disse que não tem cura e que tenho que conviver com a doença, mas não
acredito nisso. A dor que eu sinto é muito grande, é como se eu tivesse levado
um soco, por isso, acho sim que existe uma cura”, diz a professora que conta
que o único tratamento que faz é colocar água gelada nos olhos quando eles
estão irritados.
Mistério
A reportagem do TEM Notícias mostrou o vídeo da membrana saindo do olho da professora para um oftalmologista no Hospital de Olhos de Bauru (SP). Por cinco minutos, o doutor André Hamada analisou o vídeo repetidas vezes. Além disso, o especialista também assistiu a entrevista em que a professora contou os sintomas.
A reportagem do TEM Notícias mostrou o vídeo da membrana saindo do olho da professora para um oftalmologista no Hospital de Olhos de Bauru (SP). Por cinco minutos, o doutor André Hamada analisou o vídeo repetidas vezes. Além disso, o especialista também assistiu a entrevista em que a professora contou os sintomas.
“Nunca tinha visto um
caso semelhante. Apesar de não ter visto a paciente, a situação dela pode ser
um caso atípico de conjuntivite lenhosa, mas não conseguimos encaixar na
patologia comum devido ao aspecto da membrana cair facilmente do olho dela”,
explica o oftalmologista.
Segundo o especialista,
o caso de Laura pode ser uma conjuntivite lenhosa atípica porque geralmente, a
membrana formada nos olhos só consegue ser retirada em um centro
cirúrgico. Além disso, de acordo com André, o diagnostico da professora
de Lins pode ser apenas clínico. “Com certeza ela já deve ter feito uma biópsia
da membrana e, se deu tudo normal, o caso fica ainda mais misterioso”, diz o
médico com mais de 20 anos de experiência.
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