Marco Aurélio no aeroporto Foto: Lucas
Figueiredo / Extra
O taxista Marco
Aurélio Fernandes Aguiar, de 48 anos, foi acordado, na última quinta-feira pela
manhã, pela mulher. Do outro lado da linha, um funcionário da cooperativa a
qual pertence repassava a pergunta desesperada de uma passageira que pegara no
Aeroporto Internacional Tom Jobim, na Zona Norte do Rio, onde faz ponto: será
que ele tinha encontrado uma carteira caída no táxi? Marco correu para o
veículo e achou, caída atrás do banco do carona, uma carteira da qual saíam notas
de euro. Ao todo eram 13 mil euros - cerca de R$ 42 mil. Sem pensar duas vezes,
ele ligou de volta para a cooperativa e pediu para que o número de seu telefone
fosse passado para a passageira.
- Combinamos o
encontro e devolvi o dinheiro. Ela não conseguia nem falar. Só chorava. Ficou
muito nervosa - contou Marco.
Morador de Vigário
Geral, também na Zona Norte, ele ganhou uma recompensa de mil reais da
passageira. O dinheiro foi para as economias que Marco faz para comprar sua
autonomia. Motorista auxiliar, ele ganha cerca de R$ 250 por dia mas tem que
destinar R$ 140 para a diária do táxi. Os 13 mil euros poderiam muito bem ter
ajudado o taxista a realizar seu sonho - uma autonomia no Rio custa mais de cem
mil reais - mas...
- Nem pensar em fazer
uma coisa dessas. Não tem como pegar o dinheiro de alguém - reagiu Marco.
O taxista no carro onde a carteira foi esquecida
Foto: Lucas Figueiredo / Extra
Com 13 anos de praça,
o taxista contou que costuma ver muita coisa esquecida no carro. Mas tanto
dinheiro assim, nunca:
- O pessoal esquece
muito telefones celulares. Sempre guardo para devolver.
A dona do dinheiro,
moradora da Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, preferiu não se identificar.
Agradecida, a mulher contou que os mil reais dados a Marco foram uma
“recompensa pela boa atitude”. Segundo ela, que acabara de chegar de Portugal
ao embarcar no táxi, o valor perdido pertencia a sua mãe.
- Só não quero
aparecer para me preservar, tenho filho pequeno. Mas eu fiquei muito emocionada
com o gesto dele. É uma história que precisa ser contada, para estimular gestos
parecidos - diz.
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