Ataques ao movimento
causam polêmica e organizadores acusam parlamentares de homofobia. Para eles,
homossexuais já "têm todos os direitos respeitados".
Cercada de polêmicas e
ataques verbais, a 12ª Parada do Orgulho LGBT de João Pessoa pretende reunir
neste domingo (25) cerca de 20 mil pessoas nas ruas da orla da capital
paraibana, com sete trios elétricos, que vão seguir do SESC Cabo Branco até o
Busto de Tamandaré, na praia de Tambaú. Os coordenadores do evento acusam
vereadores de ataques homofóbicos.
Na Câmara Municipal,
durante toda a semana, o assunto virou pauta de discussão. Alguns dos
parlamentares se posicionaram publicamente contra o patrocínio do poder público
à Parada do Orgulho LGBT. Nesta sexta-feira (23), um dos outdoors que divulgam
o evento amanheceu pichado na avenida Epitácio Pessoa, a mais movimentada da
cidade. Um outro outdoor, localizado na BR, próximo ao Macro, foi rasgado.
Por toda a semana, as
sessões na Câmara de Vereadores de João Pessoa anotaram posturas contrárias à
realização da Parada do Orgulho LGBT com apoio financeiro do poder público. Na
opinião da vereadora Eliza Virgínia (PSDB), os homossexuais estão querendo
fazer intimidações e interferir nos direitos heterossexuais. "Os direitos
dos homossexuais? Todos eles já foram adquiridos, mas o perigo agora é que eles
querem que os direitos dos héteros sejam retirados. Querem tirar direitos que
não concordam com as práticas deles", afirma.
Renan Palmeira,
presidente do Movimento Espírito Lilás (MEL) contesta as críticas dos
vereadores pessoenses. "Nós vivemos numa sociedade hoje que existem esse
modelo matriarcal familiar, mas já há um entendimento de famílias uniparentais.
Infelizmente essas falas só reforçam o preconceito desses vereadores e de
outras lideranças políticas", disse.
Créditos: Hermes de Luna
A Parada do Orgulho
LGBT de João Pessoa tem como tema ‘Respeito e Liberdade Caminhando Lado a
Lado’. O assessor técnico do evento, Michael Rodrigues, condenou os ataques ao
material de divulgação da Parada. Na sua opinião, "foi uma ação homofóbica".
Michael adiantou que a
grande novidade deste ano é que a Parada Gay em João Pessoa terá eventos por
três dias. Nesta sexta-feira (23), haverá uma sessão de cinema com o filme
“Como Esquecer” e um debate no Café São Jorge, no centro de João Pessoa. No
sábado (24), o ‘Sabadinho Bom” terá uma edição especial dedicada ao evento com
apresentações de DJ’s e da banda Marinês Samba Bom.
O percurso tem cerca de
2,5 quilômetros. O evento terá várias atrações musicais, perfomances de drag
queens e o show da cantora Ellen Oléria, previsto para começar às 22h, logo
após o encerramento da caminhada.
Michael Rodrigues
afirma ainda que a Secretaria de Turismo (Setur-JP) vai realizar uma pesquisa
para vai levantar informações sobre o perfil socioeconômico com os
participantes da passeata. As Polícias Militar e Turística vão garantir a
segurança da caminhada e a Secretaria de Saúde Estadual /DST Aids vai
distribuir preservativos durante a marcha.
A vereadora Eliza
Virgínia culpa o Governo Federal pelo que chama de "distorção da
realidade". Segundo ela, o Ministério da Saúde e o Ministério da Educação
"estão induzindo à erotização precoce. Há uma busca incessante por essa
postura dos adolescentes e ninguém entende isso. É incentivo às práticas
homossexuais instituídas e pagas com o dinheiro público".
Outros vereadores
seguem o discurso de Eliza. Para João Almeida (PMDB), trata-se de uma questão
de coerência. "Não é ser radical, é uma questão de ser coerente. A exceção
não pode virar a regra, nem me obrigar a virar essa exceção. A família é
formada por pai, mãe e filhos. Devemos combater essa onda de desagregação das
famílias que atingiu o Brasil", pregou.
Renan Palmeira sustenta
que a Câmara Municipal de João Pessoa está agindo de forma
"preconceituosa" quando se refere apenas aos eventos do movimento
LGBT. "Esses vereadores que criticam tanto o movimento LGBT como o
investimento na Parada Gay são preconceituosos e não sabem o que estão falando.
O Estado brasileiro gastou quase R$ 70 milhões na visita do Papa ao Brasil, mas
ninguém critica. A posição dos vereadores é homofóbica", avalia.
Para o vereador
peemedebista, o poder público não poderia apoiar financeiramente esses eventos.
Ele entende que o movimento LGBT quer transformar uma "exceção numa
regra" e a família não deve permitir isso. "Ser homosexual é ser
diferente, sim. Não sou eu que digo sempre, são os próprios homossexuais que o
dizem. Eles devem ser respeitados sim, mas devem ocupar o seu lugar, cada qual
no seu quadrado (SIC). Agora, fazer disso uma regra e ainda querer me obrigar a
fazer parte dessa regra, é um absurdo", argumentou.
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