sexta-feira, 13 de julho de 2012

Tia de menina encontrada com trio de canibais teme ser morta


Cosma conta que afasta o medo de ameças com as orações que faz. É na conversa dela de “todos os dias” com Deus que também pede para que a garota não sofra mais rejeição, como aconteceu em uma creche que a menina começou a frequentar em Igaraçu.
A dona de casa Cosma de Araújo Pereira tem 63 anos, criou uma filha e duas netas. Neste ano, ela foi pega de surpresa pela notícia de que uma seita praticante de canibalismo, em Garanhus (PE), estava com a filha da sobrinha Jéssica Pereira, morta em 2008 pelo mesmo grupo que comia carne humana. A ida da menina, de cinco anos, para a casa de Cosma traz agora felicidade e também preocupação. Isso porque a dona de casa teme que outros integrantes da seita façam mal a ela e a sobrinha-neta.

— Essa seita que comia pessoas não tinha só os três [presos e indiciados pela polícia]. Eu tenho muito receio que outras pessoas desse grupo procurem nós [sic] e façam algum mal contra a gente. Não deixo ela ir com ninguém . Estou o tempo todo de olho na menina.

Cosma conta que afasta o medo de ameças com as orações que faz. É na conversa dela de “todos os dias” com Deus que também pede para que a garota não sofra mais rejeição, como aconteceu em uma creche que a menina começou a frequentar em Igaraçu.

— As crianças começaram a mexer com ela. As mães contaram de onde ela veio e a criançada chegou até a bater nela. Já tirei ela [sic] dessa creche e vou procurar outra.

Criação

Depois da morte da mãe, a garota passou a ser criada por Jorge Negromonte, chefe da seita, a quem chamava de papai. As memórias continuam vivas na cabeça da menina. Ela consegue lembrar, diz Cosma, dos gritos que ouvia pela casa, das agressões que sofreu e até das mulheres que foram violentadas e mortas pela seita de canibais.

— A "bichinha" está mais tranquila e feliz agora. Mas, às vezes, ela não pode ver uma faca que sai correndo. Ela viveu muita coisa triste naquela casa. Comer até carne da própria mãe.

A aproximação da menina encontrada com os canibais e Cosma aconteceu aos poucos. O Conselho Tutelar de Garanhus acompanhou os primeiros encontros. No começo, ela dormia apenas uma noite e voltava para um abrigo em Garanhus. As visitas ficaram mais extensas, até que a criança passou a morar definitivamente com Cosma. O amor dedicado à filha e netas foi reaquecido.

Apesar da vida bastante modesta que leva, Cosma diz que a nova filha passa por tratamento psicológico e médico. Comida e roupas são doadas pelas pessoas que frequentam a mesma igreja que ela.

— Eu amo muito [a filha de Jéssica] e eu sei que ela também me ama. Eu sei que agora não posso mais viver sem ela. E ela também não fica mais sem mim. 

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