Pesquisa da UEPB identifica várias patologias que
podem ser 'curadas' com a zooterapia.
A medicina popular sempre foi um mistério para a ciência, e os trabalhos nessa
área ainda são escassos, mas a crença trazida de geração em geração permanece
ainda hoje. Um tratamento bastante utilizado, principalmente em municípios do
interior nordestino, a zooterapia, utiliza animais na busca pela cura de
doenças como a asma, alcoolismo, reumatismo, epilepsia, além de outras, em uma
interação de elementos indígenas, africanos e europeus, desde o período de
colonização do Brasil. É preciso tomar cuidados na administração desses
tratamentos.
Uma pesquisa realizada por professores e alunos da
Universidade Estadual da Paraíba (UEPB) catalogou 25 doenças e 23 espécies de
animais que podem ajudar os seres humanos no tratamento de enfermidades. No
catálogo foram citadas espécies de peixe, tipos de mamíferos, répteis e aves,
mas segundo o professor e pesquisador Rômulo Nóbrega, em pesquisas realizadas
até agora, no Brasil, 326 espécies são usadas no tratamento de 110 doenças.
Ele contou que a zooterapia pode ser definida como
o tratamento de doenças humanas, a partir da utilização de produtos de partes
do corpo do animal ou de produtos de seu metabolismo, como secreções corporais
e excrementos, além de materiais construídos por eles, como ninhos e casulos.
“Documentos históricos indicam que o uso de animais
medicinais no Brasil vem desde a colonização. No Brasil, a manifestação da
medicina popular e, particularmente, da zooterapia, configura uma interação de
elementos indígenas, africanos e europeus, participando da história da medicina
desde o princípio da colonização”, contou. O professor informou que muitos
tratamentos são conhecidos dos nordestinos, como a utilização do mel de abelha
nas doenças do aparelho respiratório; a banha do teju, usada para dor na
garganta; ou ainda o sebo do carneiro, que é muito utilizado para o reumatismo.
Outros curiosos e menos conhecidos também foram
citados na pesquisa, como a pena da codorniz (ave), que serve para mordida de
cobra; ovo de pato doméstico, para o nervosismo e, o papo ou moela do urubu,
para falta de ar e alcoolismo.
Na Feira Central de Campina Grande, um dos lugares
onde mais se encontra esse tipo de produto, a vendedora Inácia Firmino, de 70
anos, contou que não há um mal que não pode ser tratado com a sabedoria do
povo. “Eu sempre me tratei com ervas, partes de animais e sempre melhorei.
Estou tomando um remédio de farmácia, mas sinceramente não está adiantando de
nada. As pessoas ainda procuram muito essas misturas aqui”, contou a vendedora,
que há 58 anos comercializa os produtos.
Segundo o coordenador, a sabedoria popular resultou
em uma rica etnomedicina, que ganhou um papel importante nas práticas de saúde
de pessoas de diversas classes sociais no País. “Na Paraíba não poderia ser
diferente. Os animais foram e continuam sendo utilizados para a confecção de
remédios populares", disse. Rômulo.
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