Procurado desde 2009 pela Interpol e pela Polícia Civil de São Paulo, Edilson Donizete Neves, 49, renovou a carteira de habilitação em um posto da Ciretran (Circunscrição Regional de Trânsito), em Jandira (Grande São Paulo), em fevereiro de 2010.
Neves, conhecido como Goiaba, é acusado de ter enforcado a ex-namorada Sônia Ferreira Sampaio Misaki, 41, e os filhos dela, Hiroaki, 15, e Hiroyuki, 10.O assassinato ocorreu em 18 de dezembro de 2006, na cidade de Yaizu, no Japão. Por ter sido um dos crimes de maior repercussão daquele país, autoridades japonesas cobram a prisão do acusado.
De acordo com o delegado titular de Yaizu, Seiti Kakiuti, que investiga o caso no Japão, um dia depois de cometer o crime, Neves fugiu para o Brasil. Ele comprou passagem de ida e volta, mas nunca mais retornou ao Japão. Fez isso para escapar da pena de morte naquele país.
Neves está com prisão preventiva decretada desde 18 de maio de 2009.
Segundo apurou a reportagem, no dia em que Neves renovou a habilitação, o número do RG dele foi anotado, não se sabe se propositalmente, com dois zeros a mais. A Promotoria e a Corregedoria da Polícia Civil apuram o fato.
Em 15 de janeiro de 2008, Neves foi preso em uma chácara em Sarutaiá (a 348 km de São Paulo). No mês seguinte, o caso chegou ao 1º Tribunal do Júri da capital paulista.
CONFLITO
Porém, graças a um conflito judicial, Neves acabou solto. A Justiça comum entendeu que a competência para julgá-lo era da Justiça Federal, já que o crime ocorreu no exterior. O réu deixou a prisão em 1º de julho de 2008.
Em 18 de maio de 2009, o Tribunal de Justiça entendeu que Neves tinha que ser julgado pela Justiça comum e determinou sua prisão. Até hoje ele não foi recapturado.
Segundo a polícia japonesa, o brasileiro usou cordas emprestadas por um vizinho para estrangular Sonia e os filhos dela. As mortes foram motivadas, diz a polícia, porque Sonia havia rompido o relacionamento com Neves.
OUTRO LADO
A Secretaria de Estado da Segurança Pública diz que um erro de digitação no cadastro com os números do documento de Edilson Donizete Neves impossibilitou a Ciretran de detectar que ele era procurado pela Polícia Civil no dia em que renovou a carteira de habilitação.
A SSP não detalhou qual órgão ou funcionário errou e disse que a Corregedoria da Polícia Civil investiga o caso.
Na época, o Detran afirmou que Neves não foi preso porque havia diferença nos dados internos do órgão e da Justiça e não foi possível saber que ele era procurado. Segundo o Detran, um processo administrativo foi aberto.
A reportagem telefonou para o advogado de Neves, Elson Rochane Neves, para falar sobre a situação processual do cliente dele, mas não conseguiu manter contato na sexta-feira. A reportagem deixou recado no celular. Porém, até a conclusão desta edição, ele não tinha ligado de volta.
Nenhum comentário:
Postar um comentário