Quase 17 anos depois, o Tribunal de Justiça do Paraná indenizou em R$ 100 mil os pais de uma jovem trocada numa maternidade de Foz do Iguaçu, em 95. O erro só foi confirmado após oito anos.
A menina foi confundida com outro bebê nascido no dia 23 de
outubro daquele ano, e as duas foram entregues aos pais errados. Danielle,
loira, de cabelos lisos e olhos claros, ficou com a morena de cabelos cacheados
Maria Pereira da Silva. Francielle, morena, com a loira Ana Maria Lesovski
Barbosa.
"Reconheci que não era minha filha na hora em que a
peguei", conta a comerciante Maria Pereira, 39.
A ausência de semelhança física fez com que ela fosse chamada de
adúltera até no hospital. "Disse para a enfermeira que algo estava errado,
ela foi ríspida e falou: A filha não é sua ou você não sabe com quem
andou?".
Diferentemente de Maria, Ana, 42, não desconfiava que Francielle
não era sua filha biológica. "O meu marido é moreno. Nunca pensei na
possibilidade de ela ter sido trocada", diz a vendedora.
A indenização que saiu no final de maio é referente ao pedido de
Ana. Maria também entrou com um processo, ainda sem resposta.
Foi Maria quem, desconfiada, começou a busca. Ela juntou dinheiro
durante sete anos para fazer um teste de DNA. Quando recebeu o resultado
negativo, procurou o hospital, que entregou a ela uma lista de todos os partos
ocorridos naquele dia.
Os primeiros contatos foram marcados pela desconfiança. Ana não
acreditava que havia ocorrido um erro e queria distância de Maria. Após um ano
sem que a situação se resolvesse, Maria entrou em depressão. "A Ana viu a
minha situação e aceitou fazer o DNA", lembra.
Verificado o erro, Danielle e Francielle já tinham oito anos. As
famílias optaram por não trocar as crianças. Hoje, elas se encontram com
frequência e as meninas, prestes a completar 17 anos, são amigas. "Elas
dizem que são irmãs gêmeas", conta Ana.
As famílias pretendem investir os R$ 100 mil na educação das
meninas, que vão prestar vestibular neste ano.
A decisão da Justiça determina que o hospital Santa Casa Monsenhor
Guilherme pague a indenização, mas o local fechou em 2006, com uma dívida de R$
15 milhões.
Por isso, como os partos foram feitos pelo SUS, o município de Foz
do Iguaçu também foi condenado subsidiariamente -ou seja, pagará a indenização
caso a maternidade não tenha condições -a prefeitura pode recorrer.
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