Decisão inédita prevê pagamento do benefício por período de 120 dias
O
Ministério da Previdência Social reconheceu nesta terça-feira o direito de um
homem receber salário-maternidade
por 120 dias. O Conselho de Recursos da Previdência Social (CRPS) julgou
nesta manhã a questão de dois pais adotantes, em união homoafetiva, que
receberão o benefício do Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). A decisão
foi inédita, no âmbito administrativo do órgão, e não pode mais ser contestada
pelo instituto, exceto na Justiça.
Na legislação, o salário-maternidade
é pago à mulher segurada em decorrência do parto (inclusive o natimorto),
aborto não criminoso, adoção ou guarda judicial para fins de adoção pelo
período de 120 dias (licença-maternidade).
De acordo com a presidente da 1ª
Câmara de Julgamento do CRPS, Ana Cristina Evangelista, que presidiu o
julgamento de hoje, as quatro conselheiras que participaram do processo votaram
em unanimidade pelo direito de os pais receberem o benefício, baseadas na
análise da Constituição e do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA).
"Estamos falando da Previdência
reconhecendo salário-maternidade para um homem. Não poderíamos negar um direito
que existe de fato por causa de uma questão semântica [na legislação, consta
que 'beneficiária' tem direito ao salário]. A criança tem o direito, o ECA
assegura e esse foi o entendimento da composição da Câmara. Isso foi um grande
avanço tanto para a área administrativa quanto para a previdenciária",
disse a presidenta Ana Cristina.
A Agência Brasil tentou contato com
Lucimar Quadros da Silva, o pai que receberá o benefício, mas não teve resposta
até o momento.
O INSS informou, por meio de nota à
Agência Brasil, que a decisão é interna e administrativa do CRPS e que o
presidente do Conselho, Manuel Dantas, não irá se pronunciar.
Outro ponto inédito no julgamento
foi o fato de ter ocorrido pela primeira vez um processo virtual no órgão. A
Câmara da Previdência fica localizada em Brasília e as partes interessadas
participaram do julgamento por meio de videoconferência no Rio Grande do Sul.
Para a presidenta da Câmara, a possibilidade de usar processos virtuais no
órgão irá inaugurar uma "nova era".
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