A Justiça de São Paulo condenou nesta
quinta-feira (16) mais um réu pela morte do prefeito de Santo André (SP) Celso
Daniel (PT).
Elcyd Oliveira Brito (o John) foi
condenado a 22 anos de prisão por participação em homicídio duplamente
qualificado. Ele irá cumprir a pena inicialmente em regime fechado. John é o
quinto réu do caso a ser condenado pelo caso.
Em janeiro de 2002, Celso Daniel foi
encontrado morto em Juquitiba (SP) após dois dias de sequestro. Na época, ele
era o coordenador da campanha que levou o ex-presidente Lula ao poder.
O júri ocorreu no Fórum de Itapecerica
da Serra (SP). Também estava marcado para hoje o julgamento do réu Itamar
Messias Silva dos Santos, mas seu júri foi remarcado para o dia 22 de novembro.
O advogado de Itamar, Airton Jacob
Gonçalves Filho, alegou que não poderia participar do júri porque tinha outro
julgamento marcado para hoje em São Paulo. Ele também disse que, por motivo
pessoal, não poderia fazer a defesa.
TORTURA
Em sua defesa, John negou o
envolvimento no crime e disse ter sido torturado nos depoimentos em que
confessou o crime. "Fui forçado a várias coisas que não deveria fazer
nesse processo", afirmou o réu.
Após a sentença, o advogado de John,
Adriano Neves Lopes, disse que vai recorrer ao Tribunal de Justiça para que
novo júri seja feito. "A sentença foi injusta", afirmou.
O advogado argumentou que um dos
jurados votou pela absolvição. A condenação foi por quatro votos a um. No
Tribunal de Júri composto por sete jurados, a contagem é interrompida quando se
alcança a maioria.
Na sustentação oral, o promotor Marcio
Augusto Friggi de Carvalho voltou a defender a tese de crime político. De
acordo com ele, o mandante do crime foi Sérgio Gomes da Silva, o Sombra.
O Ministério Público afirma que Sombra
contratou um grupo para matar o prefeito após ele ter descoberto que parte do
dinheiro desviado para o caixa dois do PT foi embolsado por envolvidos no
esquema. A acusação é de desvio de R$ 5,3 milhões dos cofres de Santo André.
A tese serviu para caracterizar o crime
como de encomenda, o que aumenta a pena.
O promotor comparou, por duas vezes, o
caso ao julgamento do mensalão. "Foi a mesma formação de quadrilha que
está sendo julgada hoje no STF", disse Friggi.
Sobre a sentença, o promotor se disse
satisfeito com a pena. "O juiz foi coerente."
O juiz Antonio Augusto Galvão de França
Hristov aumentou a pena inicial em 10 anos considerando cinco fatos agravantes,
entre eles a repercussão do crime e o "comportamento antissocial do
réu".
"O juiz não pode estar fechado em
seu gabinete ignorando o mundo a sua volta. O fato causou um desassossego
social. Celso Daniel era cotado para exercer o cargo de ministro do
governo", afirmou.
OUTROS
CONDENADOS
Em maio, quatro réus foram condenados.
Ivan Rodrigues da Silva (Monstro), José Edison da Silva e Rodolfo Rodrigo dos
Santos (Bozinho) receberam penas de 24, 20 e 18 anos de prisão,
respectivamente.
Em 2010, Marcos Bispo dos Santos foi
condenado a 18 anos de prisão.
Já o julgamento de Sombra aguarda
decisão do Supremo Tribunal Federal sobre o poder de investigação do Ministério
Público.
O questionamento, em tese, já foi
negado pelo Supremo. Dos 11 ministros, seis votaram no sentido de que não houve
ilegalidade na apuração. A ação, porém, está parada a espera do voto do
ministro Luiz Fux, que pediu vista.
"Todos serão condenados. Espero
que, em breve, o senhor Sérgio, o Sombra, seja levado a julgamento e sente aqui
no banco dos réus", disse o promotor.
As condenações do caso serão usadas
pelo Ministério Público no julgamento de outra ação que corre na Justiça, vinculando
o crime a um suposto esquema de corrupção do PT.
A ação tem como réus o partido e o
atual ministro Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).
Nenhum comentário:
Postar um comentário