Ele está sendo investigado por ter cometido o crime seis vezes
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Ainda há acusações por homicídio, envolvimento com
tráfico de drogas e lavagem de dinheiro
RIO — Pelo menos outras 20 mulheres podem ter sido
vítimas de estupros cometidos pelo pastor Marcos Pereira da Silva, da
Assembleia de Deus dos Últimos Dias. Marcos foi preso preventivamente na
terça-feira à noite, inicialmente investigado por seis estupros. Mas, de acordo
com o delegado Márcio Mendonça, da Delegacia de Combate às Drogas (Dcod), nos
30 depoimentos colhidos durante um ano de investigações dos crimes supostamente
cometidos pelo pastor, são citados ainda os nomes dessas 20 mulheres que também
teriam sofrido abusos. O delegado já encaminhou para a Justiça cinco dos seis
inquéritos que apuram os crimes, dos quais dois já resultaram em processos com
mandados de prisão preventiva contra Marcos. Dentre as vítimas, pelo menos três
teriam sido abusadas quando eram menores e uma é a ex-mulher de Marcos, Ana
Madureira da Silva, com quem ele foi casado até 1998. O pastor foi encaminhado
na manhã desta quarta-feira para o presídio Bangu 2. Nesta tarde, a Secretaria
estadual de Administração Penitenciária (Seap) divulgou a foto do pastor usando
a camisa verde do uniforme da entidade.
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Ele se aproveitava de pessoas pobres que achavam estar precisando de
acompanhamento espiritual. Ele se comportava da mesma maneira quando estuprava
as mulheres, geralmente dentro da própria igreja, em São João de Meriti. Ele
colocava as pessoas numa situação como se elas estivessem erradas. Na realidade
quem tinha o problema eram as mulheres que estavam possuídas, endemoniadas. Ele
fazia a mulher acreditar que a única forma de se libertar daquele demônio era
fazendo sexo com uma pessoa ‘santa’. Uma das vítimas foi abusada dos 14 aos 22
anos. Nos depoimentos são citadas outras 20 mulheres que também sofreram abuso
sexual. Existe relato de estupros desde 1998 — disse o delegado.
O
apartamento onde Marcos mora, no nome da igreja e avaliado em R$ 8 milhões na
Avenida Atlântica, em Copacabana, na Zona Sul do Rio, também teria sido usado
para realização de orgias comandadas por Marcos Pereira. A maior parte das
vítimas dos encontros seria fiéis da igreja, chamadas até o local para a
realização de cultos, em que Marcos Pereira, com ações violentas, obrigava as
mulheres a fazerem sexo com ele e com outros homens da igreja. Também haveria
sexo de mulheres com mulheres e homens com homens.
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Já confirmamos o apartamento em Copacabana, na Avenida Atlântica, avaliado em
R$8 milhões, em nome da igreja. Há informações de que ele fazia orgias nesse
apartamento. Existem relatos de que ele tinha relações com homens, e relações
de mulheres com mulheres e homens com homens. Existia uma promiscuidade entre
várias pessoas — afirmou.
Visita a
traficante em presídio federal
Segundo
Mendonça, Marcos ainda é investigado por associação para o tráfico, lavagem de
dinheiro e homicídio. O delegado diz que há confirmação de que em duas ocasiões
o religioso visitou o traficante Márcio dos Santos Nepomuceno, o Marcinho VP,
chefe de uma facção criminosa que controla o tráfico de drogas em favelas do
Rio.
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Temos depoimentos de quem premeditou todo o atentado ao Rio de Janeiro tanto em
2006 como em 2010, foi ele. Existem duas visitas comprovadas dele a um
traficante em presídio federal, o traficante Marcinho VP. Há depoimentos de
pessoas ligadas a ele, de que todos aqueles atos de salvamento de pessoas que
seriam mortas por traficantes eram armados, teatros combinados. Pessoas
depuseram e disseram que isso tudo era uma farsa.
Outro
crime pelo qual o pastor está sendo investigado é o envolvimento no assassinato
de uma mulher. Ela teria sido vítima de uma tentativa de estupro pelo pastor e
começou a tentar provar publicamente as orgias que ele comandava. De acordo com
o delegado, um dos condenados pelo crime é um sobrinho de Marcos Pereira.
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Após a tentativa de abuso sexual, a menina se revoltou e passou a tentar provar
essas orgias. Ela foi assassinada. Três pessoas foram condenadas e uma delas é
o sobrinho do pastor Marcos. A mãe da menina prestou depoimento e afirmou que
tem certeza absoluta que quem mandou matar a filha dela foi o pastor Marcos.
Existem depoimentos que há outros homicídios de outras pessoas que descobriram
as orgias e por isso foram assassinadas. Isso está sendo investigado.
Marcos
Pereira foi preso com dois mandados de prisão preventiva na Rodovia Presidente
Dutra, em São João de Meriti, Baixada Fluminense, no fim da noite de
terça-feira. Agentes do Dcod realizaram a prisão quando o pastor estava em seu
carro, um Passat branco, indo para o seu apartamento, na Avenida Atlântica, em
Copacabana. A investigação da participação de Marcos em envolvimento com
tráfico de drogas, associação para o tráfico e lavagem de dinheiro foi baseada
em denúncias do coordenador do Afroreggae, José Júnior. Os mandados foram
decretados pelos juízes Richard Fairclough, da 1ª Vara Criminal de São João de
Meriti, e Ana Helena Mota Lima, da 2ª Vara Criminal da mesma comarca, na última
quinta-feira.
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Há um ano que o pessoal da Dcod tem um inquérito instaurado para apurar
associação ao tráfico e incitação ao crime porque o pastor teria ameaçado o
presidente do AfroReggae. Essa investigação fez com que diversos fatos fossem
revelados. Fatos criminosos que aconteciam naquela igreja.
Na
manhã desta quarta-feira, o pastor foi transferido da Dcod, no bairro do
Andaraí, na Zona Norte do Rio, às 8h40m. O pastor foi para o Instituto Médio-Legal
(IML), onde fez exame de corpo de delito, e, de lá, seguiu para a penitenciária
Bangu 2, no Complexo de Gericinó. Na saída da Dcod, o pastor recebeu mensagens
de um grupo de fiéis que passaram a noite fazendo uma vigília em frente à
delegacia. “Pastor, estamos do seu lado”, disse uma fiel. O pastor não quis
comentar a prisão.
Seguido por fiéis
Na
sede da delegacia, o pastor Marcos Pereira não quis falar com a imprensa.
Porém, atendendo ao seu chamado, cerca de 30 dos seus seguidores foram até o
local, além de seis advogados. Entre os fiéis, estava o ex-cantor de pagode
Waguinho, que é missionário da Assembleia de Deus dos Últimos Dias há nove
anos. Ao sair da delegacia, Waguinho — que disputou a prefeitura de Nova
Iguaçu, nas eleições do ano passado — fez críticas à ação da polícia e às
denúncias de José Júnior.
—
Ficamos surpresos com a forma em que foi feita a prisão contra uma pessoa que
comparece toda vez que é convocada para explicar essas acusações. Foi uma ação,
em via pública. São acusações antigas que não há provas. Porém, todos nós aqui
sabemos que existe uma guerra pública que foi declarada há cerca de dois anos,
pelo José Júnior. O Afroreggae faz as suas ações e gasta milhões. O pastor
Marcos Pereira faz o seu trabalho com o amor, sem receber nenhum dinheiro por
isso. Quero ver o José Júnior explicar isso — disse Waguinho, defendendo Marcos
Pereira. — Todos que convivem com o pastor sabem que ele é uma pessoa que só
faz o bem. O trabalho dele já tirou oito mil pessoas das drogas. Na história, várias
pessoas que fizeram o bem já sofreram esse tipo de injustiça. Quem é do bem
conhece quem é do bem.
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