Acauã-Araçagi é a segunda maior
obra hídrica do Nordeste e receberá transposição.
Canal tem 112,4 km de extensão e
corta 12 cidades e vai garantir a segurança hídrica na região
As máquinas não param no canteiro
de obras do lote 1 do canal Acauã-Araçagi, no município de Mogeiro. É nessa
obra que a população de 35 municípios da Paraíba deposita a esperança de dias
melhores. É através do canal Acauã-Araçagi, a segunda maior obra hídrica do
Nordeste, que passarão as águas da transposição do rio São Francisco. Mais de
600 mil paraibanos serão beneficiados. Os dias de sofrimento pela falta de água
ficarão apenas na lembrança.
O canal tem 112,4 km de extensão
e corta 12 cidades. O secretário dos Recursos Hídricos, João Azevêdo, disse que
a obra vai garantir a segurança hídrica na região. “Através desse canal será
possível implantar programas de irrigação de até 16 mil hectares. O canal
Acauã-Araçagi faz parte das obras complementares da transposição e está em
plena execução. As máquinas não param e isso todo mundo pode comprovar”,
declarou.
Além de garantir água para
centenas de famílias que já enfrentaram anos difíceis de estiagem, o canal
Acauã-Araçagi está mudando o cenário econômico da região. As cidades estão
mudando, o desenvolvimento não para. Em Mogeiro, por exemplo, a construção de
novos imóveis ganhou novo fôlego, os aluguéis dispararam, novos restaurantes
abriram.
Com a conclusão da obra, o
desenvolvimento será ainda mais evidente. “O canal vai trazer uma nova
realidade para os municípios, pois há muitas terras férteis onde é possível
viver da agricultura e agropecuária, só faltava mesmo a água, que chegará
através do canal Acauã-Araçagi”, explicou o secretário.
A ideia do governo do Estado é
apoiar e orientar a população desses 35 municípios para que sejam implantados
sistemas de irrigação.
Os investimentos no canal
ultrapassam R$ 1 bilhão, contando com convênios feitos com o Ministério da
Integração. Segundo João Azevêdo, a obra foi incluída no Programa de Aceleração
do Crescimento (PAC 2). Por anos, a obra só existia no papel, e foi destravada
após empenho do governador Ricardo Coutinho junto ao governo federal. A
participação do Estado é de aproximadamente 10% do total investido, conforme
explicou o secretário, que acompanha semanalmente o andamento da obra.
Em pouco mais de um ano de
execução foram investidos cerca de R$ 210 milhões. Graças ao trabalho intenso,
a previsão é que até o final do primeiro semestre deste ano seja entregue o
primeiro trecho (que compreende 10 km de obra, do total de 112,4 km).
Dentre os municípios por onde o
canal passa, estão Itatuba, Mogeiro, São José dos Ramos, Sapé, Mari e Curral de
Cima. “É importante lembrar que a garantia hídrica se estende aos municípios
que estão na zona de influência, que chega a 35”, frisou Azevêdo.
Depois que o canal Acauã-Araçagi
estiver concluído, e a transposição do rio São Francisco se tornar realidade,
as famílias paraibanas terão água todos os dias, o dia todo. A situação será
bem diferente da já vivida pela aposentada Maria Glória de Souza, que por
muitos anos teve de percorrer quilômetros a pé, para pegar água em açude e
garantir a preparação de alimentos. “Esse canal é um sonho para nós que moramos
no interior. Deus ouviu nossas preces”, afirmou dona Glória, que mora na zona
rural do município de Itatuba.
Quando não tem muitos afazeres
domésticos, a aposentada faz questão de chegar perto do canteiro de obras só
para ter o gosto de ver os trabalhadores e as máquinas. “É uma felicidade só”,
disse, esperançosa. Dona Glória está certa em suas colocações. O canal
Acauã-Araçagi vem para mudar definitivamente a realidade no Vale do Mamanguape
e Brejo paraibano. A escassez de água está perto de acabar.
RUMO AO DESENVOLVIMENTO
Antes mesmo de ser concluído, o
canal Acauã-Araçagi já possibilita o desenvolvimento econômico nos municípios
beneficiados. A arrecadação de Imposto Sobre Serviços (ISS) pelas prefeituras
de Itatuba e Mogeiro, por exemplo, aumentou consideravelmente. Segundo o
secretário João Azevêdo, foram transferidos mais de R$ 1,5 milhão de ISS para
cada uma dessas cidades. Sem a obra, esse repasse seria utopia. O recebimento
do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) é de R$ 400 mil. Como uma espécie
de efeito dominó, todos acabam se beneficiando com a obra. Novos
estabelecimentos comerciais são abertos (como restaurantes e lanchonetes) para
atender os trabalhadores; proprietários de imóveis que lucram com o aluguel da
casa, etc. Até mesmo o comércio informal aumenta o lucro, tendo em vista que a
cidade acaba recebendo mais visitantes.
Na obra em si, estão empregados
diretamente cerca de 1,5 mil trabalhadores, entre ferreiros, armadores,
carpinteiros, mestres de obras, entre outras funções. Um deles é Edvaldo José
da Cruz, que há dez meses estava desempregado e enfrentando situação difícil
com a família. Quando soube que estavam precisando de trabalhadores para a
obra, não perdeu tempo e foi contratado. “Já estou aqui há dez meses. Trabalhar
na construção do canal é um orgulho para mim, pois sei que muitas famílias
serão beneficiadas”, contou Edvaldo, que é casado e tem três filhos.
A obra também trouxe um emprego
para Luiz Carlos Chagas, que mora em Mamanguape e ficou sabendo da oportunidade
através de um conhecido, que trabalha no local. Chagas estava desempregado há
três anos, vivia de 'bicos'. Desde que começou a trabalhar nas obras do canal,
em novembro de 2013, consegue mandar dinheiro para a família e exibe com
orgulho a carteira de trabalho assinada formalmente pela primeira vez.
ESTADO QUER ANTECIPAR CONCLUSÃO
A obra do canal Acauã-Araçagi
está dividida em três lotes. Os dois primeiros estão em execução. O governo do
Estado aguarda autorização do Ministério da Integração para início do lote 3.
“Nossa expectativa é que a autorização aconteça ainda no mês de fevereiro”,
declarou o secretário João Azevêdo. A conclusão do canal está prevista para
abril de 2016, mas a intenção do governo é antecipar esse prazo para 2015. “O
ritmo das obras é crescente, nunca houve um problema sequer de intervenção,
então estamos otimistas”, disse.
O trabalho é feito através de um
consórcio com três empresas (Queiroz Galvão, Via Engenharia e Marquise). No
canteiro de obras foi montada uma estrutura na qual ficam os engenheiros e
demais profissionais envolvidos no processo, como arqueólogos (que fazem a
escavação da área em busca de possíveis achados arqueológicos); biólogos (que
catalogam as espécies de fauna e flora existentes na extensão da obra); e
técnicos da segurança do trabalho (que inspecionam diariamente se os
trabalhadores estão com os equipamentos de segurança).
O canal Acauã-Araçagi terá
trechos com largura de 120 metros em aberto que receberão revestimento
impermeável; em outros trechos com 80 metros de largura, passarão três tubos de
1,9 metro de diâmetro. A água seguirá os 112,4 km por gravidade média de três
centímetros a cada quilômetro, conforme dados técnicos dos engenheiros. No lote
1 estão sendo construídas duas pontes sobre os rios Surrão e Ingá, além de um
aqueduto.
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