sexta-feira, 1 de novembro de 2013

NOVIDADE PARA A SAÚDE MASCULINA: Exame evita biópsia de próstata desnecessária



Um novo aparelho que é posicionado entre as pernas do paciente pode evitar biópsias desnecessárias na próstata, segundo um estudo do A.C. Camargo Cancer Center.
O hospital em São Paulo é o primeiro do país a usar esse exame na prática clínica. 

O teste com o equipamento pode ser feito por homens com suspeita de câncer de próstata que já se submeteram aos exames de toque e de sangue (PSA) e têm indicação para fazer uma biópsia. 

O objetivo é definir quem realmente deve ser submetido à biópsia, um procedimento invasivo que pode causar ansiedade e efeitos como dores e sangramento na urina e na ejaculação. 

Na biópsia, uma agulha inserida no reto colhe fragmentos da próstata do paciente. A anestesia pode ser local (com sedação) ou geral. 

Mas apenas de 30% a 40% das biópsias são positivas para câncer --ou seja, a maioria dos homens com suspeita da doença passa pelo procedimento invasivo desnecessariamente porque o exame de toque e o PSA dão margem para incertezas. 

Nos Estados Unidos, estudos mostram que há cerca de 750 mil biópsias de próstata desnecessárias por ano. 

O A.C. Camargo avaliou o equipamento em 150 homens durante 18 meses e comparou os resultados do novo teste com os da biópsia. 

Resultado: o exame não invasivo teve acurácia de 90% em prever quem não precisaria ter passado pelas agulhas. 

Esses dados serão apresentados no Congresso Brasileiro de Urologia, que acontece neste mês em Natal.

Alex Argozino/Editoria de Arte/Folhapress


COMPLEMENTAR
Gustavo Cardoso Guimarães, cirurgião oncologista e diretor do Núcleo de Urologia do A.C. Camargo, lembra que o novo equipamento não substitui a avaliação clínica e o exame de toque retal nem faz diagnóstico de câncer, mas funciona como um instrumento complementar na investigação da doença. 

"O exame de toque ainda é mais barato, simples e indispensável para detectar outras anomalias da próstata."
O equipamento emite ondas eletromagnéticas que indicam uma alteração na proximidade de um tumor. 

A engenhoca foi descoberta por acaso pelo italiano Clarbruno Vedruccio, que desenvolvia um detector de minas terrestres na década de 90. Como ele tinha gastrite, percebeu uma queda no sinal quando o aparelho se aproximava de tecidos doentes. 

Segundo Guimarães, o exame também pode ser indicado para quem teve câncer anal e não pode fazer exame de toque retal. 

Para Lucas Nogueira, diretor do Departamento de Uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia, a tecnologia é promissora, mas mais estudos precisam demonstrar sua eficácia. 

"Ainda faltam evidências de que esse teste seja superior aos já existentes", diz. Há outra ressalva: o aparelho custa R$ 450 mil. 

Hoje, uma alternativa para filtrar melhor quem deve fazer uma biópsia é a ressonância magnética, mas nem sempre a visualização da próstata é satisfatória. 

Há também o PCA3, um exame de urina feito após massagem na próstata --ainda mais incômodo que o exame de toque.

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