Um novo aparelho que é
posicionado entre as pernas do paciente pode evitar biópsias desnecessárias na
próstata, segundo um estudo do A.C. Camargo Cancer Center.
O hospital em São Paulo é o
primeiro do país a usar esse exame na prática clínica.
O teste com o equipamento pode
ser feito por homens com suspeita de câncer de próstata que já se submeteram
aos exames de toque e de sangue (PSA) e têm indicação para fazer uma biópsia.
O objetivo é definir quem
realmente deve ser submetido à biópsia, um procedimento invasivo que pode
causar ansiedade e efeitos como dores e sangramento na urina e na ejaculação.
Na biópsia, uma agulha inserida
no reto colhe fragmentos da próstata do paciente. A anestesia pode ser local
(com sedação) ou geral.
Mas apenas de 30% a 40% das
biópsias são positivas para câncer --ou seja, a maioria dos homens com suspeita
da doença passa pelo procedimento invasivo desnecessariamente porque o exame de
toque e o PSA dão margem para incertezas.
Nos Estados Unidos, estudos
mostram que há cerca de 750 mil biópsias de próstata desnecessárias por ano.
O A.C. Camargo avaliou o
equipamento em 150 homens durante 18 meses e comparou os resultados do novo
teste com os da biópsia.
Resultado: o exame não invasivo
teve acurácia de 90% em prever quem não precisaria ter passado pelas agulhas.
Esses dados serão apresentados no
Congresso Brasileiro de Urologia, que acontece neste mês em Natal.
Alex Argozino/Editoria de
Arte/Folhapress
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COMPLEMENTAR
Gustavo Cardoso Guimarães,
cirurgião oncologista e diretor do Núcleo de Urologia do A.C. Camargo, lembra
que o novo equipamento não substitui a avaliação clínica e o exame de toque
retal nem faz diagnóstico de câncer, mas funciona como um instrumento
complementar na investigação da doença.
"O exame de toque ainda é
mais barato, simples e indispensável para detectar outras anomalias da
próstata."
O equipamento emite ondas
eletromagnéticas que indicam uma alteração na proximidade de um tumor.
A engenhoca foi descoberta por
acaso pelo italiano Clarbruno Vedruccio, que desenvolvia um detector de minas
terrestres na década de 90. Como ele tinha gastrite, percebeu uma queda no
sinal quando o aparelho se aproximava de tecidos doentes.
Segundo Guimarães, o exame também
pode ser indicado para quem teve câncer anal e não pode fazer exame de toque
retal.
Para Lucas Nogueira, diretor do
Departamento de Uro-oncologia da Sociedade Brasileira de Urologia, a tecnologia
é promissora, mas mais estudos precisam demonstrar sua eficácia.
"Ainda faltam evidências de
que esse teste seja superior aos já existentes", diz. Há outra ressalva: o
aparelho custa R$ 450 mil.
Hoje, uma alternativa para
filtrar melhor quem deve fazer uma biópsia é a ressonância magnética, mas nem
sempre a visualização da próstata é satisfatória.
Há também o PCA3, um exame de
urina feito após massagem na próstata --ainda mais incômodo que o exame de
toque.
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