O PT já trata a
candidatura de Lula como algo oficial
O ex-presidente Luiz
Inácio Lula da Silva tentará interferir mais no governo Dilma Rousseff e, em
conversas recentes, disse pela primeira vez a aliados que será candidato ao
Planalto em 2018.
Diversos interlocutores
consultados confirmaram ter ouvido o recado do petista.
Alguns, inclusive,
afirmam que a manifestação foi feita no domingo (26), depois de as urnas terem
confirmado a vitória de Dilma.
Internamente, o PT já
trata a candidatura de Lula como algo oficial.
O petista terá 73 anos
em 2018, e aliados ponderam que uma série de variáveis pode fazer com que mude
de opinião mais a frente.
O próprio ex-presidente
já disse a aliados que não sabe como estará sua saúde daqui a 4 anos.
Após deixar a
Presidência, em 2011, ele se curou de um câncer na garganta.
Por meio de sua
assessoria, Lula soltou uma nota em que diz: "no último domingo (26), dia
da eleição, quando perguntado sobre 2018, declarei que, completando 69 anos,
minha única expectativa para daqui a 4 anos é estar vivo".
De olho na sucessão
futura, aliados afirmam que o ex-presidente precisará atuar de forma mais
efetiva para evitar que a petista reproduza erros cometidos no primeiro
mandato. Entre eles, o distanciamento dos movimentos sociais, o parco diálogo
com empresário e o excesso de centralização nas ações.
Nos primeiros 4 anos, o
petista deu conselhos à presidente, mas foi pouco ouvido. Agora, será preciso
inverter essa lógica para poder pavimentar sua candidatura.
No cálculo interno, se
Dilma fizer uma administração impopular a partir de janeiro, sua pretensão pode
ser frustrada.
Dois exemplos de
sugestões ignoradas por Dilma no passado: substituição do ministro da Fazenda,
Guido Mantega, para dar um choque de confiança no mercado.
E a remoção do
secretário do Tesouro, Arno Augustin, por sintetizar em sua opinião a imagem
negativa da equipe econômica na área fiscal.
No atual mandato, Lula
quer ser mais ouvido quando em situações de crise e dificuldades com o Congresso.
Durante a campanha, a
presidente afirmou que daria todo apoio ao padrinho se ele quisesse voltar.
No início do segundo
turno, interlocutores de ambos os lados notaram distanciamento entre eles.
Lula só entrou de
cabeça na reta final da eleição.
Tudo indica, afirmam
aliados, que a dinâmica da relação mudará agora. Dilma, dizem assessores, sabe
que o antecessor fará queixas públicas se não for ouvido.
A disposição do
ex-presidente de disputar 2018 conta com um estimulo nada irrelevante: o desejo
da mulher, Marisa Letícia.
A articulação que pedia
o retorno do ex-presidente para a disputa de 2014 foi forte no primeiro
semestre de 2013, mas acabou abafada no encontro Nacional do PT, em maio.
Seus principais
defensores eram empresários descontentes com o estilo de Dilma e petistas que
perderam espaço na atual gestão.
O PT também fará mais
pressões. Quer ser mais ouvido na definição dos novos nomes do governo,
principalmente na do novo ministro da Fazenda, e participar da definição de
propostas como a reforma política.
Em entrevista nesta
terça (28), Dilma disse que "o que o Lula quiser ser, eu apoiarei".
Fonte: Folha Online
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