Artista, que tinha 66 anos,
estava internado desde o início do mês após sofrer um AVC
O cantor Emílio Santiago, que morreu no dia 20 de
março, em foto de 2012 Divulgação
RIO - Morreu no início da manhã
desta quarta-feira o cantor Emílio Santiago, de 66 anos. Ele estava internado
desde o dia 7 no hospital Samaritano, na Zona Sul do Rio, após ter sofrido um
acidente vascular cerebral (AVC) isquêmico. No dia 4, fez sua última aparição
pública, no programa "Encontro com Fátima Bernardes". Ainda não há
informações sobre o velório e o sepultamento do artista.
Em 1970, Emilio Santiago estreou como cantor num
festival da Faculdade Nacional de Direito, que cursava então. Entre os jurados,
estavam nomes como Marlene, Beth Carvalho e Marcos Valle. Os prêmios que levou
do júri (foi escolhido o melhor intérprete, e duas das três canções que
apresentou ficaram com o 2º e o 3º lugares) foram um inegável incentivo para
que seguisse na carreira artística, uma possibilidade que ele não considerava
seriamente.
— Eu cantava por diversão, em reunião, festas de
amigos, e alguns colegas me inscreveram à revelia. Depois de me apresentar,
Marcos (Valle) foi falar comigo, disse que eu tinha que continuar, que era um
cantor nato... — contou em entrevista ao Globo em 2007. — A partir daí, ainda
tentei conciliar música, estudo e trabalho. Até concluí a faculdade, mas não
fiz a prova para o Instituto Rio Branco, como sonhava.
Ainda na faculdade, Emilio passou a frequentar
programas de calouros na televisão. Chegou à final de um deles, “A grande
chance”, comandado por Flávio Cavalcanti, na TV Tupi — apresentando “Que
bobeira”, canção de Marcos e Paulo Sérgio Valle. Após se formar, seguiu com a
música, influenciado por nomes como Nelson Gonçalves, Anísio Silva e Cauby
Peixoto. Sua voz aveludada e elegante, de afinação perfeita e divisões espertas,
o levou a ser crooner na orquestra de Ed Lincoln, abrindo portas também para
que se apresentasse em várias casas noturnas. Na boate Colt 45, no Leblon,
abria o show de Marlene. Na boate Fossa, era o aperitivo para Tito Madi e
Marisa Gata Mansa.
Em 1973, lançou o seu primeiro compacto, com “Transa
de amor” e “Saravá nega”. Dois anos depois, chegou o primeiro disco, homônimo,
pela gravadora CID, no qual interpretava canções de Ivan Lins, Jorge Ben, João
Donato, Nelson Cavaquinho e Marcos Valle, entre outros. Em 1976, foi contratado
pela Philips/Polygram, onde permaneceu até 1984, gravando dez discos. O crítico
Sérgio Cabral saudou: “Finalmente, um cantor que canta”.
Em 1982, venceu o festival MPB Shell, da TV Globo,
cantando “Pelo amor de Deus”. Com “Elis Elis”, foi escolhido o melhor
intérprete do Festival dos Festivais, também da Globo, em 1985. A consagração
popular, porém, veio mesmo em 1988, quando lançou “Aquarela brasileira”,
convidado por Roberto Menescal e Heleno Oliveira. Com uma releitura de clássicos
da MPB, o projeto da Som Livre gerou sete álbums, vendendo mais de quatro
milhões de cópias.
Encerrada a série de sucesso, ele continuou uma
carreira discográfica com mais discos de ouro e prêmios. Fez álbuns dedicados à
obra de artistas como Dick Farney, Gonzaguinha e João Donato.
Versátil, fez shows no exterior, apresentando-se com
sucesso em várias cidades da Europa e Estados Unidos, inclusive em festivais de
jazz. Após uma passagem pela Sony, criou o seu próprio selo, Santiago Music,
por onde lançou, em 2010, o álbum “Só danço samba”, uma homenagem a Ed Lincoln.
Dois anos depois, o projeto se transformou no DVD “Só danço samba (ao vivo)” —
com o qual ganhou o Grammy Latino na categoria Melhor Álbum de Samba/Pagode,
dividindo a premiação com Beth Carvalho.
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