Torcida corintiana poderá frequentar o estádio durante a Libertadores, mas ficará 18 meses sem poder assistir a jogos do Timão como visitante
A
Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) anunciou na tarde desta
quinta-feira a suspensão da punição ao Corinthians, que não poderia receber
torcida em seus jogos como mandante no estádio do Pacaembu, pela Taça
Libertadores da América. A pena agora se restringe somente às partidas fora de
casa. Por 18 meses, os alvinegros não poderão assistir aos confrontos como
visitantes. O Timão também foi multado pela entidade em US$ 200 mil
(aproximadamente R$ 392 mil). A informação foi confirmada ao GLOBOESPORTE.COM
pelo diretor jurídico do clube, Luiz Alberto Bussab.
Embora
a Fiel agora possa comparecer aos jogos no Pacaembu, a diretoria do clube não
está satisfeita com a Conmebol pela punição imposta nas partidas fora de casa.
Bussab aguardará a chegada do comunicado oficial da entidade para recorrer. A
intenção é que os corintianos também possam viajar para os confrontos longe do
Brasil.
–
Não estamos satisfeitos com essa decisão. Assim que chegar a fundamentação da
Conmebol ao Corinthians, vamos recorrer desses 18 meses. Queremos os torcedores
em todos os jogos, em casa ou fora – afirmou, em contato com a reportagem.
A
punição é válida também para jogos em que o Corinthians atue como visitante
dentro do país (em competições organizadas pela Conmebol). Ou seja, se
enfrentar um compatriota nas oitavas de final da Libertadores, por exemplo, o
Timão também não poderá contar com seus torcedores. Situação igual na Recopa
Sul-Americana, que será disputada contra o rival São Paulo, no segundo semestre
deste ano.
Na
derrota do Timão por 1 a 0 para o Tijuana, na última quarta-feira, membros da
Camisa 12, segunda maior torcida organizada do clube, chegaram a estender uma
faixa alusiva à uniformizada no estádio Caliente. Os policiais presentes no
local agiram rapidamente e obrigaram os brasileiros a retirar o artefato,
encaminhando-os a outro setor.
A
única partida de punição cumprida pelo Corinthians foi a vitória por 2 a 0
sobre o Millonarios, da Colômbia, no dia 27 de fevereiro. Na oportunidade,
quatro torcedores conseguiram uma liminar na justiça comum, ignoraram a decisão
da Conmebol e assistiram ao duelo do setor das numeradas. Temendo maior
represália da entidade, diretores do Timão pediram que os alvinegros não
entrassem no Pacaembu, mas não foram ouvidos.
Queremos
os torcedores em todos os jogos, em casa ou fora"
Três
delegados da Conmebol participaram do julgamento: Adrián Leiza, do Uruguai,
Orlando Morales, da Colômbia, e Carlos Tapia, do Chile. Os representantes de
Brasil e Bolívia no Comitê Disciplinar foram impedidos de votar por serem dos
países envolvidos no caso.
O
clube paulista enviou sua defesa completa ao Comitê na semana passada contendo 16 páginas e algumas provas,
como uma carta da Fifa elogiando a postura da torcida alvinegra durante o
Mundial de Clubes de 2012, em dezembro, no Japão.
O
Corinthians foi punido no último dia 21 de fevereiro, um dia depois do jogo
contra o San José, em Oruro, na Bolívia, pela primeira rodada do Grupo 5 da
Taça Libertadores da América. O empate por 1 a 1 ficou em segundo plano, já que
a partida acabou marcada pela tragédia que culminou com a morte do jovem
boliviano Kevin Espada, de apenas 14 anos.
Momentos
após o gol marcado por Guerrero no início da partida, um sinalizador acendido
no espaço destinado aos corintianos no Estádio Jesús Bermudez atingiu o rosto
de Kevin Espada, torcedor do San José. Ele não resistiu ao ferimento e faleceu.
Após
a partida, a polícia local prendeu doze torcedores acusados de envolvimento no
caso. Dois foram indiciados como autores do homicídio e os demais como
cúmplices. Todos continuam presos na Penitenciária de San Pedro, em Oruro,
mesmo após o menor H.A.M., de 17 anos e membro da torcida Gaviões da Fiel, ter
se apresentado em São Paulo como autor do disparo.
Advogado
do Corinthians também envolvido no caso, Luiz Felipe Santoro explicou que a
tragédia envolvendo Kevin não poderia ser de total responsabilidade do clube.
Embora o boliviano tenha sido vitimado por um sinalizador disparado por um
torcedor alvinegro, Santoro argumentou que o Timão só poderia ser punido por
uma irregularidade causada nas arquibancadas do estádio Jesús Bermúdez, mas não
especificamente pela morte.
–
Nós não temíamos uma punição maior por causa da morte. Na linguagem jurídica, o
problema era o fato de um torcedor do Corinthians ter acendido o sinalizador na
arquibancada em Oruro. O clube não teria de responder pela morte, mas sim os
responsáveis pelo acontecimento – explicou ao Sportv.
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