Especialistas alertam
para cuidados com a folia de carnaval, momento em que a utilização de equipamentos
sonoros de alta potência é mais comum
Danos podem ser
irreversíveis
Durante o carnaval, as
pessoas costumam aproveitar para pular ao som dos trios elétricos ou dos
'paredões', em todo o Brasil. Porém, essa folia sonora pode trazer graves danos
à audição e, em alguns casos, perda total ou problemas que não têm cura.
Segundo estimativas da
Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, 15 milhões de pessoas têm algum
tipo de perda auditiva em todo o Brasil.
A professora Jéssica
Marcelino, de 29 anos, diz que costuma aproveitar o Carnaval de Salvador/BA e
nunca pensou que o som alto de trios elétricos, por exemplo, pudesse trazer
danos mais graves à audição, mas se queixa de que fica com a sensação de ouvido
tapado no outro dia. Ela fala que sempre sai em blocos e fica bem perto do
veículo. "Adoro aproveitar assim, mas achava que os incômodos passariam e
não aconteceria mal algum".
Já o estudante
universitário Augusto Fernandes, 21 anos, revela que gosta de frequentar boates
e casas noturnas aos finais de semana, com muito som alto. "Sinto meu
ouvido meio tapado quando volto pra casa, mas passa no outro dia e eu continuou
ouvindo tudo normalmente", contou.
Especialistas em saúde
alertam para os efeitos do barulho emitido por aparelhos de som de alta
potência, comuns nas festas de carnaval. Todas as pessoas expostas por muito
tempo a esses equipamentos estão sujeitas a desenvolver problemas auditivos e
isso não tem relação com a qualidade da música. Seja aquela preferida ou não,
os riscos são os mesmos.
Quem costuma ficar a 50
metros de um trio elétrico, por exemplo, está exposto a um ruído de 96
decibéis, mas aqueles que ficam um pouco mais atrás do veículo, enfrentam um
ruído ainda maior, que pode chegar a 120 decibéis, ou seja, intensidade
semelhante à de uma turbina de avião. O ouvido humano consegue suportar bem os
sons de até 85 decibéis.
A
otorrinolaringologista Janaína Rodrigues explica que, entre os problemas mais
comuns, decorrentes da exposição prolongada ao som de trios elétricos e
paredões, por exemplo, são “sensação de ouvido tapado e diminuição da acuidade
auditiva, que, dependendo do tempo de exposição, pode ser permanente ou
temporária”. Ela reforça ainda que se trata daquela “velha sensação de som
abafado quando se chega a casa e que pode permanecer até o outro dia”.
Para os que insistem em
passar noites em festas curtindo muito som alto nas ruas, Janaína Rodrigues recomenda
que os foliões não fiquem mais de oito horas expostos ao barulho e ainda
explica que é possível aproveitar as festas sem ter problemas de audição, desde
que isso seja feito distante do equipamento sonoro e que a pessoa não fique
exposta por muito tempo, vários dias consecutivos, às músicas desses aparelhos.
A médica completa ainda
que a exposição prolongada ao som alto, por muitos anos seguidos, pode levar a
diversos graus de surdez, de acordo com a sensibilidade de cada pessoa.
Dicas
Janaína Rodrigues
elencou algumas dicas importantes para os leitores do Portal Correio que estão
aproveitando o carnaval ouvindo música alta.
- Evitar som bastante
elevado por mais de oito horas constantes e dar sempre um intervalo para
descansar a audição;
- Pode-se consumir
vitamina C como uma forma de nutrir a célula auditiva que passa por estresse do
ruído;
- Evitar apitos
próximos do ouvido porque esse brinquedo, também muito popular no carnaval,
pode causar perda auditiva irreversível
João Pessoa testa 'bloqueador
de barulho'
Um equipamento
conhecido como 'somblock' passa por testes e deve ser definitivamente
implantado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam) em
estabelecimentos que utilizam aparelhos sonoros na capital paraibana.
O dispositivo garante a
limitação do volume sonoro emitido em equipamentos e será obrigatório através
de uma lei.
Paredões proibidos
Durante o Carnaval de
João Pessoa, os famosos 'paredões' de som foram proibidos a partir de uma
reunião entre representantes de várias secretarias da Prefeitura da Capital e
da Capital e da Polícia Militar.
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