segunda-feira, 3 de março de 2014

Exposição prolongada a sons de trios elétricos e paredões pode provocar surdez

Especialistas alertam para cuidados com a folia de carnaval, momento em que a utilização de equipamentos sonoros de alta potência é mais comum
Danos podem ser irreversíveis
Durante o carnaval, as pessoas costumam aproveitar para pular ao som dos trios elétricos ou dos 'paredões', em todo o Brasil. Porém, essa folia sonora pode trazer graves danos à audição e, em alguns casos, perda total ou problemas que não têm cura.

Segundo estimativas da Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia, 15 milhões de pessoas têm algum tipo de perda auditiva em todo o Brasil.

A professora Jéssica Marcelino, de 29 anos, diz que costuma aproveitar o Carnaval de Salvador/BA e nunca pensou que o som alto de trios elétricos, por exemplo, pudesse trazer danos mais graves à audição, mas se queixa de que fica com a sensação de ouvido tapado no outro dia. Ela fala que sempre sai em blocos e fica bem perto do veículo. "Adoro aproveitar assim, mas achava que os incômodos passariam e não aconteceria mal algum".

Já o estudante universitário Augusto Fernandes, 21 anos, revela que gosta de frequentar boates e casas noturnas aos finais de semana, com muito som alto. "Sinto meu ouvido meio tapado quando volto pra casa, mas passa no outro dia e eu continuou ouvindo tudo normalmente", contou.

Especialistas em saúde alertam para os efeitos do barulho emitido por aparelhos de som de alta potência, comuns nas festas de carnaval. Todas as pessoas expostas por muito tempo a esses equipamentos estão sujeitas a desenvolver problemas auditivos e isso não tem relação com a qualidade da música. Seja aquela preferida ou não, os riscos são os mesmos.

Quem costuma ficar a 50 metros de um trio elétrico, por exemplo, está exposto a um ruído de 96 decibéis, mas aqueles que ficam um pouco mais atrás do veículo, enfrentam um ruído ainda maior, que pode chegar a 120 decibéis, ou seja, intensidade semelhante à de uma turbina de avião. O ouvido humano consegue suportar bem os sons de até 85 decibéis.

A otorrinolaringologista Janaína Rodrigues explica que, entre os problemas mais comuns, decorrentes da exposição prolongada ao som de trios elétricos e paredões, por exemplo, são “sensação de ouvido tapado e diminuição da acuidade auditiva, que, dependendo do tempo de exposição, pode ser permanente ou temporária”. Ela reforça ainda que se trata daquela “velha sensação de som abafado quando se chega a casa e que pode permanecer até o outro dia”.

Para os que insistem em passar noites em festas curtindo muito som alto nas ruas, Janaína Rodrigues recomenda que os foliões não fiquem mais de oito horas expostos ao barulho e ainda explica que é possível aproveitar as festas sem ter problemas de audição, desde que isso seja feito distante do equipamento sonoro e que a pessoa não fique exposta por muito tempo, vários dias consecutivos, às músicas desses aparelhos.

A médica completa ainda que a exposição prolongada ao som alto, por muitos anos seguidos, pode levar a diversos graus de surdez, de acordo com a sensibilidade de cada pessoa.

Dicas

Janaína Rodrigues elencou algumas dicas importantes para os leitores do Portal Correio que estão aproveitando o carnaval ouvindo música alta.

- Evitar som bastante elevado por mais de oito horas constantes e dar sempre um intervalo para descansar a audição;

- Pode-se consumir vitamina C como uma forma de nutrir a célula auditiva que passa por estresse do ruído;

- Evitar apitos próximos do ouvido porque esse brinquedo, também muito popular no carnaval, pode causar perda auditiva irreversível

João Pessoa testa 'bloqueador de barulho'

Um equipamento conhecido como 'somblock' passa por testes e deve ser definitivamente implantado pela Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semam) em estabelecimentos que utilizam aparelhos sonoros na capital paraibana.

O dispositivo garante a limitação do volume sonoro emitido em equipamentos e será obrigatório através de uma lei.

Paredões proibidos

Durante o Carnaval de João Pessoa, os famosos 'paredões' de som foram proibidos a partir de uma reunião entre representantes de várias secretarias da Prefeitura da Capital e da Capital e da Polícia Militar.


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