quarta-feira, 19 de março de 2014

Chuva de 203 mm no Sertão em dia de São José renova esperança de quem sofre com a seca

PhD em Meteorologia prevê inverno regular no Litoral e Sertão; agricultores acreditam em fim da seca; Secretaria de Ação Social em Patos presta serviço de saúde e alimentação para desabrigados
Chuvas em Patos


Àgua inundou ruas
Choveu forte por toda madrugada desta quarta-feira (19) no município de Patos, no Sertão da Paraíba, a 305 km de João Pessoa. De acordo com a Agência Executiva de Gestão das Águas (Aesa), no bairro do Morro choveu 203 mm e próximo ao Canal do Frango, 147 mm. Várias famílias ficaram desabrigadas e tiveram que ser relocadas para abrigos, outras não quiseram deixar o local com medo de ter suas casas saqueadas.

A dona de casa Valtirene Maria Medeiros, que reside na Rua Dom Bosco no bairro do Frango, perdeu móveis e eletrodomésticos em decorrência da chuva. Segundo ela, a água chegou a subir um pouco mais de 50 cm. “Minha casa virou um lixo. Cinco pessoas que moram comigo estão desabrigadas”, ressaltou Valtirene.

A Secretária de Ação Social de Patos, Helena Vanderlei, informou que desde madrugada a Prefeitura está tomando providências para que os moradores não sofram maiores prejuízos. “Estamos com equipe de saúde nos locais, iremos servir a alimentação necessária para os desabrigados e relocar as famílias para locais mais seguros”, disse a secretária.

Conforme o Corpo de Bombeiros, a água invadiu cerca de 60 imóveis. “A inundação ocorreu em residências e prédios públicos. No centro da cidade, uma árvore caiu impedindo a passagem de veículos. Recebemos cerca de 20 ligações para o Centro Integrado de Operação (Ciop) informando sobre problemas em decorrência de chuvas”, comentou o comandante.

Em 12 bairros de Patos foram registrados alagamentos, de acordo com levantamento feito pelo Corpo de Bombeiros. Os mais atingidos são Jardim Redenção, Jardim Guanabara, Maternidade, Santo Antônio, Liberdade, Centro, Baixo Meretrício e Bivar Olinto onde foi registrado um desabamento.

Apesar dos estragos provocados, os sertanejos se mantêm otimistas porque as chuvas ocorreram justamente no dia de São José. A crença milenar de que o Santo vai mandar chuvas para amenizar o sofrimento provocado pela seca, une milhares de paraibanos através de orações. Em 16 municípios onde São José é padroeiro, há missas nesta quarta-feira (19) com programação especial destinada aos pedidos por chuvas e boa produção agrícola.

Para o meteorologista Luiz Carlos Molion, a crença dos nordestinos em São José tem uma ponta de fundamento científico. Ele explicou que neste período do ano, o fenômeno meteorológico Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) atua, sobretudo na parte Norte da Região Nordeste, que compreende as regiões do Sertão, Cariri e Brejo da Paraíba, provocando chuvas.

De acordo com o meteorologista, este ano a atuação da ZCIT será mais intensa do que nos dois últimos anos e por conta disso, as chuvas devem ficar até 20% acima da média no Norte da região Nordeste.

Porém, Molion destacou que a estiagem deverá se prolongar por pelo menos mais seis anos. Ele disse que a previsão tem como base as configurações climáticas globais que estão semelhantes às da década de 50, quando o semiárido brasileiro passou por um período de 11 anos de seca. Para o meteorologista, as chuvas que caíram até agora na Paraíba ainda não representam o fim da seca.

A Aesa registrou chuva em outras cidades do Sertão da Paraíba, mas em menor quantidade. Veja abaixo:

Riacho dos Cavalos, 16 mm
Catolé do Rocha, 18 mm
Jericó, 28 mm
Brejo dos Santos, 24 mm
Mato Grosso, 12,7 mm
Vista Serrana, 58 mm

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