Maria de Lourdes de
Sousa Maia explica em que fase está a pesquisa da Fundação Oswaldo Cruz sobre a
criação da vacina; a médica, no entanto, ressalta que é preciso também eliminar
o mosquito transmissor
Médica prevê que vacina
deve estar pronta até 2019
A médica paraibana
Maria de Lourdes de Sousa Maia, infectologista que coordena o setor de
pesquisas clínicas da unidade de Bio-Manguinhos da Fundação Oswaldo Cruz, no
Rio de Janeiro, que atua na área de desenvolvimento de uma vacina contra a
dengue, anunciou na noite desta quinta-feira (26), quando também foi
entrevistada no Jornal da Correio, na TV Correio HD, que a Fiocruz, em parceria
com a multinacional GlaxoSmithKline, da Bélgica, começará em breve os testes em
seres humanos.
Maria de Lourdes, que é
mestre em Pesquisa Clínica, revelou que atua no desenvolvimento da vacina há
três anos com a equipe de pesquisadores que coordena. Ela explicou as etapas
pelas quais os trabalhos têm de passar.
“Primeiro desenvolve a
molécula, depois você faz testes em cobaias (pré-clínico) e, depois disso, você
entra nos testes clínicos (seres humanos)”, disse a infectologista.
Ela detalhou como
ocorrem os testes em seres humanos, que são divididos em três fases, as quais
só podem ser transpostas com o acompanhamento e autorização da Agência Nacional
de Vigilância Sanitária.
De acordo com Maria de
Lourdes, na Fase 1 os pesquisadores vão ver a segurança da vacina, avaliando se
ela não tem efeitos nocivos aos seres humanos. Essa etapa envolve testes em
menos de 100 pessoas. Na Fase 2, a pesquisa vai ver se a vacina realmente
protege e dá anticorpos (300 a 500 pessoas). Na Fase 3, quando a vacina é
testada em milhares de pessoas, caso tudo dê certo, é pedido o registro da
vacina.
Depois dos testes
clínicos e de um amplo relatório, os resultados são encaminhados para a Anvisa.
Só quando a agência fizer um registro é que poderá ser usada a vacina. Maria de
Lourdes prevê que até 2019 a vacina já possa estar regularizada para a
aplicação na população.
A médica revelou que a
Fiocruz está fazendo estudos epidemiológicos nos estados e tem constatado que
80% da infestação do Aedes aegypti (mosquito transmissor da dengue) ocorre
dentro das casas.
“É importante combater
o mosquito. A vacina é um instrumento de combate a uma doença que mata, mas que
pode ser evitada se eliminarmos o vetor”, ressaltou a infectologista.
Os resultados da fase
atual de pesquisas ainda não puderam ser divulgados, mas, conforme a médica, a
grande dificuldade dos pesquisadores é desenvolver uma vacina que promova
imunização contra os quatro sorotipos da dengue conhecidos.
A Fiocruz não detém a
exclusividade do desenvolvimento de uma vacina contra a dengue. Outros
institutos como o Butantan, em São Paulo, que também já está na fase de testes
em humanos, fazem pesquisas paralelas para que se possa chegar, o quanto antes,
a um resultado satisfatório.
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