A queda do ministro do
Planejamento, Romero Jucá, marcou o primeiro grande escândalo do governo do
presidente interino Michel Temer, que ocupa o cargo há menos de duas semanas.
Aliados de Temer e
setores da imprensa brasileira já haviam advertido que Jucá era uma bomba
esperando para estourar. Mesmo antes da divulgação do grampo que provocou sua
queda, a lista de problemas dele com a Justiça – incluindo seis inquéritos no
Supremo Tribunal Federal (STF) – já era conhecida.
A saída de cena de
Jucá, no entanto, não significa que o governo Temer tenha se livrado de todas
as suas potenciais bombas. Confira abaixo outros personagens enrolados que
ainda podem criar problemas para o presidente interino.
Henrique Eduardo Alves
O ministro do Turismo,
Henrique Eduardo Alves, é considerado um aliado próximo de Temer. No momento, é
alvo de dois pedidos de inquérito na Operação Lava Jato. Em dezembro, seu
apartamento foi vasculhado por agentes da Polícia Federal. Mensagens de celular
mostraram que o deputado Eduardo Cunha cobrou de Léo Pinheiro, ex-presidente da
empreiteira OAS, repasses à campanha de Alves ao governo do Rio Grande do
Norte. Outras mensagens, enviadas pelo próprio Alves, despertaram a suspeita de
que ele atuou a favor da empresa em tribunais.
Geddel Vieira Lima
O ministro da
Secretaria de Governo, Geddel Vieira Lima, também apareceu em mensagens do
celular de Léo Pinheiro. Ainda não há um inquérito específico contra o
ministro, mas os investigadores suspeitam que ele pode ter usado sua influência
para atuar em favor da OAS dentro da Caixa (onde ocupou a vice-presidência) e
em outros órgãos. No início dos anos 2000, o ex-presidente Itamar Franco chamou
Geddel de "percevejo de gabinete" – um político que busca se aliar
com outras administrações para conseguir cargos.
Outros membros do
governo
Dois nomes do núcleo
duro de Temer, Moreira Franco (assessor especial) e Eliseu Padilha (ministro da
Casa Civil) também aparecem em investigações envolvendo Léo Pinheiro e foram
citados na delação do ex-senador Delcídio do Amaral. Outros seis ministros – Mendonça
Filho (Educação), José Serra (Relações Exteriores), Raul Jungmann (Defesa)
Ricardo Barros (Saúde), Osmar Terra (Desenvolvimento Social e Agrário) e Bruno
Araújo (Cidades) – aparecem na superplanilha da Odebrecht apreendida na casa de
um ex-executivo da empresa
André Moura
Eleito na semana
passada líder do governo na Câmara dos Deputados, Moura (PSC-CE) aparece como
réu em três ações penais e é investigado em dois inquéritos no STF. Em um dos
inquéritos, ele aparece como suspeito de uma tentativa de homicídio; no outro,
seu nome está ligado ao escândalo do Petrolão. Partidos aliados, como o DEM e o
PSDB, queriam outro deputado para o cargo, mas tiveram que engolir a vitória de
Moura. O presidente interino não fez esforços para reverter o resultado.
Cúpula do PMDB no
Senado
O caso Jucá evidenciou
que Sérgio Machado, ex-diretor da Transpetro, está negociando um acordo de
delação premiada. Machado é um velho protegido da cúpula do PMDB no Senado e
deve sua indicação ao presidente da casa parlamentar, Renan Calheiros. Ele
também é considerado próximo de Edison Lobão e Jader Barbalho. A imprensa
brasileira especula que Machado pode ter gravado diálogos com outros senadores
além de Jucá, algo que pode atingir em cheio vários caciques do partido do
presidente interino.
Baleia Rossi
Escolhido na semana
passada para ser o novo líder do PMDB na Câmara, o deputado Baleia Rossi (SP)
foi citado na Operação Alba Branca, que investiga desvios em contratos para o
fornecimento de merendas para escolas de São Paulo. Em delação premiada, o
vice-presidente de uma cooperativa que fornecia alimentos disse ter ouvido que
valores desviados das prefeituras de Ribeirão Preto e Campinas foram repassados
à campanha de Rossi.
Autor: Jean-Philip
Struck
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