Ministro do
Planejamento, Romero Jucá. 12/05/2016
São Paulo – Em
conversas gravadas, o ministro do Planejamento, Romero Jucá, sugeriu um pacto
ao ex-presidente da Transpetro [empresa subsidiária da Petrobras], Sérgio
Machado, para barrar o avanço da Operação Lava Jato.
Segundo o jornal Folha de S. Paulo, que teve acesso aos
áudios entre Machado e Jucá, a conversa aconteceu semanas antes da votação do
impeachment na Câmara dos Deputados.
No diálogo, Machado,
que é investigado pela operação, comenta:
"O [Rodrigo] Janot
(Procurador Geral da República) está a fim de pegar vocês. E acha que eu sou o
caminho. [...] Ele acha que eu sou o caixa de vocês".
Para o ex-presidente da
Transpetro, o envio de seu caso para o juiz federal Sérgio Moro seria uma forma
de força-lo a fazer um acordo de delação premiada para incriminar líderes do
PMDB.
"Aí fodeu. Aí
fodeu para todo mundo. Como montar uma estrutura para evitar que eu 'desça'? A
gente tem que encontrar uma saída", diz Machado.
Jucá concordou:
"Eu acho que a gente precisa articular uma ação política", afirmou.
"Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria", disse o
atual ministro em referência ao avanço da operação.
Na conversa, Machado
sugere que seja feito um pacto nacional com o presidente interino, Michel
Temer. "É um acordo, botar o Michel, num grande acordo nacional",
diz. Em resposta, Jucá afirma que o pacto deveria envolver o Supremo Tribunal
Federal (STF).
"Só o Renan
[Calheiros] que está contra essa porra. Porque não gosta do Michel, porque o
Michel é Eduardo Cunha", diz o ministro sobre o presidente do Senado,
Renan Calheiros (PMDB-AL).
"Ele ainda não
compreendeu que a saída dele é o Michel e o Eduardo. Na hora que cassar o
Eduardo, que ele tem ódio, o próximo alvo, principal, é ele. Então quanto mais
vida, sobrevida, tiver o Eduardo, melhor pra ele. Ele não compreendeu isso
não".
Nos diálogos, eles
citam que a situação dos políticos é grave. "Eles querem pegar todos os
políticos", disse o ex-presidente da Transpetro.
Em seguida, o ministro
do Planejamento cita líderes do PSDB. "Caiu. Todos eles. Aloysio [Nunes,],
[José] Serra , Aécio [Neves]".
"E o PSDB, não sei
se caiu a ficha já", diz Machado.
"Todo mundo na
bandeja para ser comido", rebateu Jucá.
Para Sérgio Machado, o
primeiro a cair será o senador Aécio Neves (PSDB-MG). "O Aécio não tem
condição, a gente sabe disso, porra. Quem que não sabe? Quem não conhece o
esquema do Aécio? Eu, que participei de campanha do PSDB".
Tópicos: Câmara dos
Deputados, Política no Brasil, Ministério do Planejamento, Operação Lava Jato
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