sábado, 24 de janeiro de 2015

Lei transforma vaquejada em esporte na Paraíba e provoca ira dos protetores de animais

Ambientalista e integrante da Associação Paraibana dos Amigos da Natureza, Paula Francinete, diz que a mudança causou revolta; deputado defende regulamentação
Vaquejada vira esporte na Paraíba
Entrou em vigor nesta sexta-feira (23) a lei estadual nº 10.428 que regulamenta a prática da vaquejada na Paraíba como esporte. De autoria do deputado estadual Doda de Tião (PTB), a lei autoriza a realização de campeonatos e torneios oficiais em todo estado.

A regulamentação causou polêmica e entidades de proteção aos animais e à natureza se manifestaram contra a nova lei. Para a ambientalista e integrante da Associação Paraibana dos Amigos da Natureza, Paula Francinete, a mudança causou revolta entre ativistas. “Acho que nos não temos de usar o sofrimento do animal para a alegria do homem”, avaliou durante entrevista ao programa Correio Debate, da Correio Sat.

Já o presidente da Federação de Vaquejada da Paraíba, Arthur Freire, comemorou a entrada em vigor da lei. Segundo ele, existe um regulamento que proteja os animais de maus-tratos nas competições.

“Nós temos regulamento. É proibido, por exemplo, a utilização qualquer tipo de objeto pontiagudo que veja a perfurar o boi. Tem também a quantidade de terra mínima que deve ser usada para proteger o animal”, explicou.

Para ele, a falta de conhecimento sobre as atividades das vaquejadas é que causam as polêmicas. “Os bois e cavalos são tratados hoje como animais muito especiais. Têm comida boa, recebem muita vitamina. Eles são muito bem alimentados e preparados para a vaquejada. A gente entende isso como falta de conhecimento. A maioria não tem nenhum conhecimento do que é uma vaquejada”, analisou.

O deputado Doda de Tião, autor da lei, divulgou nota defendendo a regulamentação da vaquejada. Segundo ele, a prática faz parte da cultura nordestina. “A vaquejada, antes de tudo, é uma atividade cultural, cultura essa arraigada no sangue e nas famílias dos nordestinos, dos sertanejos. Cultura que remonta aos antigos vaqueiros que buscavam o gado no campo. Com o passar do tempo, foi sendo profissionalizada e organizada”, avaliou.
Ainda na nota, ele ressalta que a vaquejada movimenta a economia e emprega profissionais da área.
“Hoje é uma atividade que emprega milhares de cidadãos em todo o país, movimenta semanalmente milhões e milhões de reais através dos diversos eventos que ocorrem tantos no estado, como no resto do país, com ênfase para o Nordeste. A atividade emprega pessoal nas fazendas, nos haras, veterinários, motoristas, vaqueiros, movimentando bandas de musicas, vendedores autônomos das diversas áreas. Diante da vaquejada estar inserida na cultura nordestina, bem como pela movimentação financeira com emprego e renda a que a envolve, encaminhamos esse projeto de lei que nos honrou com a aprovação por parte dos meus colegas deputados paraibanos que votaram no nosso projeto”, defendeu.

A regulamentação na Paraíba ganhou destaque nacional com ativistas conhecidos repercutindo o caso, como a ex-apresentadora, Luísa Mell, que luta pelas causas dos animais. Em seu perfil no Facebook, considerou a vaquejada como um esporte cruel e criticou o deputado Doda de Tião pela criação da lei.

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