quarta-feira, 14 de setembro de 2016

NO CARIRI: População sofre com a seca e espera pela água do São Francisco no interior da PB

Obra está na região do Cariri, em Monteiro, e a expectativa é que até maio de 2017 as águas cheguem até o Açude de Boqueirão

Em tempos de seca, as obras da transposição do Rio São Francisco trazem esperança para a população paraibana, que está sofrendo com a escassez de água. A obra está na região do Cariri, em Monteiro, e a expectativa é que até maio de 2017 as águas cheguem até o Açude de Boqueirão.

Em Monteiro, a água só existe através de poços perfurados no meio da cidade. "A gente cozinha, toma banho, faz tudo. Já chegamos a passar 8 dias sem água na torneira", diz Luzia Mendes, dona de casa.

Obras

As obras de transposição acontecem há quase 10 anos. O trecho onde as águas do Rio São Francisco passam, com destino ao açude Epitácio Pessoa (Boqueirão), fica entre a divisa de Pernambuco e Paraíba, através do emboque de um túnel da obra. No percurso, a água chega ao açude de Poções, na zona rural de Monteiro. Esse é um dos principais reservatórios responsáveis por encaminhar a água até o açude de Boqueirão, que abastece Campina Grande e outros 18 municípios do estado. O problema é a falta de estrutura para garantir que esse processo flua a tempo.

“Há a necessidade de se fazer pequenas obras em três mananciais; um deles, é o açude de Poções, que é preciso ampliar a descarga de água e o sangrador, devido a demanda que vai ser utilizada na transposição. Atualmente, o açude foi projetado para uma demanda bem inferior ao que está previsto na transposição", explica Renato Avelar, chefe da unidade regional do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS).

O sangradouro do açude de Poções está completamente seco. A última vez que o reservatório chegou a sangrar foi no ano de 2008. Para que as águas da transposição do Rio São Francisco cheguem ao açude Epitácio pessoa, mananciais como esse precisam passar por algumas reformas, a exemplo do próprio sangradouro, que precisa ser completamente ampliado.

Segundo o chefe da unidade regional do DNOCS, a previsão é de que as águas da transposição estejam próximas aos açudes de Boqueirão entre abril e maio do ano que vem. Nesse caso, o reservatório já teria suporte para isso.

A transposição pretende levar água a 12 milhões de pessoas em 390 municípios nos Estados de Pernambuco, Ceará, Paraíba e Rio Grande do Norte

Crise Hídrica

Em razão de crise hídrica, a Paraíba tem 14 municípios em situação de alerta; outros 84 em racionamento, entre estes Campina Grande, segunda maior cidade do estado; e 32 onde os sistemas de abastecimento já entraram em colapso. Em 15 cidades o fornecimento não é operado pela estatal.

O governador Ricardo Coutinho anunciou nessa segunda-feira (5), a construção de três novas adutoras que fazem parte das ações de combate à crise hídrica que atinge a Paraíba, representando investimentos superiores a R$ 7 milhões.

Ele também comentou que vai assinar, ainda este mês, a ordem de serviço para as obras da estação de tratamento de água, juntamente com a adutora de captação de água da cidade de Coremas. “Ao longo de anos, tendo um manancial às suas margens, a cidade nunca teve sua água tratada, o que dificultou muito a qualidade de saúde e de vida dos moradores. É um pedido antigo da população de Coremas. Cerca de R$ 6 milhões serão investidos”, observou.

Projetos

Um projeto para levar água de João Pessoa para Campina Grande existe. Um especialista da UFPB explicou como seria a ideia que poderia evitar um colapso no abastecimento da segunda maior cidade do estado.

Um dos projetos sugere um sistema adutor, saindo do sistema Gramame/Mamuaba, que abastece a Região Metropolitana de João Pessoa, passando pelas margens das BRs 101 e 230 até Campina Grande. Segundo ele, adutoras mais estações elevatórias custariam cerca de R$ 352 milhões. “O projeto Várzeas de Sousa, destinado ao cultivo de cinco mil hectares, e hoje não serve a mais de mil, custou R$ 1,5 bilhão”, comparou.

A segunda alternativa por ele apresentada propõe a adutora Monteiro/Gravatá. O projeto, explicou o professor, teria vida útil de 40 anos, e um custo estimado de execução no valor de R$ 160 milhões.


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